| Foto: Felipe Lima / Gazeta do Povo

Duro não é a temporada de praia terminar. Duro é ter de voltar pra casa com toda aquela tralha que a família leva pro Litoral. Sim, porque classe média não viaja pra praia. Faz mudança!É cadeira de praia, guarda-sol, ventilador... Depois vêm as roupas de cama, mesa e banho e as de uso pessoal – pelado é que ninguém volta para casa.

CARREGANDO :)

No tampão do porta-malas, um espacinho pros espetos de churrasco. Mas com muito cuidado! Melhor nem pensar se um dos filhos se furar no trajeto. Portanto, molecada, todo mundo com a cabeça pro lado. Quando chegar em casa, Gelol pra aliviar o torcicolo.

O engradado de garrafas já está amarrado no teto do bólido. Junto com o isopor, que não pode quebrar mas de jeito nenhum! Aquela caixa azul-ceroula tem um histórico, prestou muitos préstimos à família gelando cervejas em momentos memoráveis.

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Os jogos de tabuleiro e o baralho já estão em uma das bolsas – só não se sabe qual.

Por fim, a vistoria no carro. CDs? Ok. Aquela toalha velha pra limpar o parabrisa? Ok. O volante do carro? Ok... Opa, o volante sempre esteve ali. Mas, pensando bem, melhor conferir. Vai que algum espertinho tira o volante só para ter um espacinho a mais pras suas quinquilharias.

Haja espaço... Haja paciência...

A coisa é tão traumática que o cabra já começa a ficar tenso uns quatro dias antes de ir embora. Podem reparar: o que tem de homem com a cara amarrada na areia da praia no final de temporada não é brincadeira. O caboclo já começa a suar frio só de pensar em ter de arrumar tudo aquilo no carro.

Isso sem falar nas discussões.

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Aliás, todo sujeito que sonha em seguir carreira diplomática deveria passar um final de temporada na praia com a classe média. Porque mediar o diálogo do conflito árabe-israelense é melzinho na chupeta diante da tentativa de convencer todo mundo a deixar as coisas em ordem e a colaborar nas tarefas no retorno pra casa.

E nessa hora sempre pinta um reclamando que todos têm mais espaço do que ele para suas coisas. No que o outro rebate dizendo que está tendo que carregar as malas sozinho até o carro.

Mas o angu desanda mesmo quando aparece o mais velhaco da turma dizendo que está com uma dorzinha chata, que surgiu assim, meio de repente, meio sem explicação, e que por causa disso não vai poder ajudar.

Aí é que o catiripapo quase come solto. Só não dá briga porque o pai – velho e sábio patriarca – lembra todo mundo de um pequeno detalhe:

- Calma, pessoal! A gente ainda vai ter que guardar tudo isso quando chegar em casa...

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