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Quer curtir a praia sem “neuras”? Confira a balneabilidade antes

Em Pontal do Paraná, índice de atendimento com rede coletora de esgoto é de 26,98%. Despejo correto de esgoto doméstico ajudar a garantir a balneabilidade das praias | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Em Pontal do Paraná, índice de atendimento com rede coletora de esgoto é de 26,98%. Despejo correto de esgoto doméstico ajudar a garantir a balneabilidade das praias (Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo)

O calor que finalmente parece ter chegado ao Paraná deve dar impulso à movimentação nas praias do estado e também nas de Santa Catarina a partir de agora. Se por um lado as férias e o fim de ano pedem consecutivos mergulhos, por outro é preciso cautela antes de sair se jogando mar adentro. Ficar de olho nos pontos impróprios para banho é uma maneira de garantir dias mais tranquilos. No Paraná, o boletim semanal da balneabilidade começa a ser divulgado a partir de 22 de dezembro. Em Santa Catarina – onde o escoamento irregular de esgoto sanitário e o excesso de chuvas deixaram críticos muitos pontos do Litoral na temporada passada – 80% das praias avaliadas são consideradas próprias para banho em 2016.

Determinar se há padrão suficiente para garantir a qualidade das águas destinadas à recreação no mar ou em rios – a chamada balneabilidade – é uma responsabilidade dos órgãos ambientais – no caso do Paraná, o Instituto Ambiental do Paraná ( IAP). As conclusões seguem as condições estabelecidas na resolução 274/2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), documento que estipula os indicadores microbiológicos que podem separar um curso de água bom de um ruim.

No Litoral paranaense, o parâmetro usado para medir a qualidade das praias é a presença da Escherichia coli, uma bactéria que, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), é abundante em fezes humanas e de animais. Ela pode causar desde uma simples diarreia até uma infecção no trato respiratório, por exemplo. Para a amostra não ser “reprovada” a exigência é de que contenha, no máximo, 800 Escherichia coli a cada 100 mililitros (ml) de material coletado. Isso tudo em 80% ou mais de um conjunto de amostras colhidas durante cinco semanas anteriores e de forma consecutiva. Ou seja, o primeiro resultado de cada temporada só pode ser realizado cinco semanas depois do início da coleta das amostras.

Ainda que já tenha tentado manter indicativos de águas de mar e rio durante todo o ano, hoje o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) realiza os testes apenas na alta temporada. Ivonete Coelho da Silva Chaves, diretora de monitoramento ambiental e controle da poluição do órgão, explica que o fato de as alterações se mostrarem praticamente nulas fora da época de turismo extinguiu a necessidade de um acompanhamento ininterrupto.

“Na maioria das vezes, o que influencia a impropriedade do banho é a questão do esgoto sanitário. Hoje a gente já tem uma rede bastante ampliada de tratamento de esgoto no Litoral, mas ainda tem redes antigas e turistas acostumados a lançar esgoto em águas pluviais”, afirma Ivonete.

Impacto

O sistema de esgotamento sanitário ainda é o principal problema que afeta a balneabilidade nas praias do Paraná. Mas, de acordo com a diretora do IAP, não é só a falta dele que prejudica. A desatenção dos moradores somada a chuvas mais frequentes nessa época do ano aumentam as possibilidades de que dejetos orgânicos sejam lançados ao mar.

“Quando chove, as fossas extravasam, e como temos um lençol freático muito alto no Litoral, acaba chegando nos rios e depois nas praias”, alerta. “E temos que levar em conta que há uma população flutuante muito alta, até cinco ou seis vezes acima do normal nessa época do ano. Aí a própria rede começa a ter problemas”.

Nos municípios atendidos pela Sanepar no Litoral do Paraná, Guaraqueçaba tem o maior índice de atendimento com rede coletora de esgoto (91,33%). Na outra ponta aparece Pontal do Paraná, com 26,98% dos limites atendidos por rede coletora.

Santa Catarina

Foi a sobrecarga que, na temporada passada, contribuiu para momentos críticos vividos em parte do Litoral catarinense. Canasvieiras, uma das praias mais famosas de Florianópolis, chegou a ser declarada totalmente inapropriada para banho logo no início do ano.

“A estação de tratamento não aguentou a carga. Claro. Um local preparado para 50 mil pessoas e que recebe 300 mil no verão é complicado”, comenta Alexandre Waltrick Rates, diretor da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão ambiental de Santa Catarina. Ele conta que ao longo deste ano uma série de obras foram definidas entre a prefeitura e a concessionária de saneamento da ilha, o que deve dar um alívio na região de Canasvieiras nesta temporada.

Quanto ao Litoral Norte de Santa Catarina, que engloba praias de São Francisco do Sul, Penha, Balneário Camboriú, entre outras, o panorama mostra um verão “muito bom”.

“O que a gente que a gente percebeu e tem percebido ano a ano é um maior investimento na rede de esgoto. Mas tem uma questão cultural, pessoas que, com o esgoto passando em frente à casa, só agora estão aprendendo a fazer a ligação”. De acordo com Rates, dos aproximadamente 600 moradores que cercavam o Rio do Braz - rio contaminado e que atingiu o mar em Canasvieiras -, apenas cem deles tinham feito conexão com a rede disponível.

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