Três jovens foram torturados na noite do dia 21 de janeiro por supostos seguranças da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), que os acusaram de serem pichadores. Um vídeo postado numa rede social mostra os jovens encurralados numa calçada de cuecas, com os corpos pintados com tinta branca e os rostos sendo cobertos com spray vermelho. As ameaças, os socos e as agressões com barras de ferro são claramente vistas e ouvidas.
“Deita aí, esfrega na tinta”, ordena um dos agressores, que parece gravar o vídeo pelo celular durante o ataque. Em seguida, ouvem-se sons de socos e tapas e de gritos das vítimas.
“Com tinta, você não mata ninguém”, diz grafiteiro agredido no Centro do Rio
Leia a matéria completa“Tira a mão que eu vou quebrar ela (sic). Se tu (sic) olhar para mim, vou estourar a tua cara. Está com muita bronca olhando para a minha cara, seu fdp!
Outro agressor intervém:
“Ele está olhando para a tua cara? Está olhando por que, p.?”, pergunta o homem, que, em seguida, desfere tapas e socos contra um dos jovens, deitado na calçada junto com os outros.
O homem que parece estar fazendo o vídeo pede a um colega.
“Cadê, 05? Me dá a barra de ferro aí, 05, p. Me dá a barra de ferro porque eu já sujei meu tênis todo”. O homem sai do local e vai em busca de uma barra de ferro, a cerca de dez metros. Retorna e dá a início ao espancamento.
Outro agressor diz: “trabalhando o dia todo, seu arrombado! Tua acha que a gente é o quê, comédia?
Uma das vítimas diz: “desculpa, por favor”. Um dos torturadores rebate: “desculpa é o c. Quer tirar a gente de otário?”
E som do espancamento continua. “Fecha o olho”, diz um dos agressores”. Em seguida, ouve-se um barulho forte de tapa no rosto.
Outro manda o grupo repetir o que ele disser.
“Nunca mais eu quero saber da Saara. Não passo na Saara para fazer minha arte”.
As vítimas repetem.
“Sou c”. E eles repetem também.
Em seguida, o espancador avisa: “agora todo mundo vai apanhar nessa porra. Não bota o pé. Vou quebrar o pé”, ameaça outro torturador agredindo um dos jovens com uma barra de ferro.
“Os parceiros de vocês dizem que são grafiteiros? Grafiteiro é o c. Vai grafitar na casa do c. Se passar dentro da Saara, o cerol vai pegar”.
- Cúpula da Segurança Pública afirma que investigações descartaram ação de facção criminosa contra PMs no PR
- Curitiba é uma das 50 cidades mais violentas do mundo, segundo ONG mexicana
- SP registra taxa anual de homicídio de 8,73 por 100 mil, a menor desde 1996
- Situação de moradores de rua em Curitiba chegou “ao limite”, diz ACP
Um dos jovens agredidos publicou uma foto da perna imobilizada com gesso, no dia seguinte. Em uma rede social, ele conta que tinha participado de um evento de grafite em Santa Teresa, na Região Central do Rio.
No relato, ele diz: “ontem rolou uma intervenção de graffiti na praça do Morro de Santa Tereza onde a b. K interagiu com o movimento, e infelizmente na volta, pela central, nos deparamos com uma situação que acho que todos envolvidos na cultura ja passaram, outros nao estão nem aqui pra contar a história. Fomos abordados por cinco acéfalos na madrugada, que nos espacaram com barras de ferro por nos esteriotipar como vândalos. Tive duas fraturas na perna e nem quero postar fotos do resto do corpo que está coberto de hematomas (...)”
Ao telejornal Bom Dia Rio, da TV Globo, amigos dos jovens relataram que as vítimas não fizeram qualquer tipo de pichação e que estavam com as tintas em spray guardadas dentro da mochila quando foram abordadas. Eles afirmaram, também, que os agressores são seguranças da Saara. Na madrugada desta quarta-feira, uma foto publicada nas redes sociais, de um trecho do vídeo, mostra um homem de colete preto, segurando uma barra de ferro, ao lado dos três rapazes. O grafite é permitido, por lei, em lugares autorizados, no município do Rio, desde 2013.
Assista ao vídeo:
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião