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ONG presta homenagem ao cinegrafista

Para homenagear o cinegrafista Santiago Andrade, a ONG Rio da Paz montou um cenário na areia da Praia de Copacabana, na zona sul do Rio, com uma faixa, uma cruz preta e uma câmera da Bandeirantes voltada para o chão e cercada de flores.

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A viúva do cinegrafista morto pelo disparo de um rojão, no Rio de Janeiro, Arlita Andrade, declarou sentir pena dos suspeitos pela morte de seu marido.

"Eu gostaria de falar que sinto pena deles. Pena por eles não terem o amor pelo próximo, isso ninguém ensinou a eles. Peço que tenham amor um pelo outro", disse ela. Arlita chegou ao velório do marido, no cemitério Memorial do Carmo, na zona portuária do Rio, vestida com uma camisa do Flamengo, em homenagem ao time de coração de Santiago Andrade.

Segundo ela, Santiago sempre conversava sobre os riscos no trabalho do cinegrafista. "Eu falava: 'poxa, amor, faz alguma coisa mais leve'. E ele respondia brincando: 'eu gosto de tiro, porrada e bomba'. O sonho dele era ser cinegrafista".

Dezenas de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos participam da cerimônia no cemitério.

De acordo com o companheiro de trabalho na Band, Edeilton Macedo, no dia da manifestação, Santiago teria declarado não querer ir à manifestação. "Ele não queria ir, mas foi fazer só porque estava próximo do local. Eram só três takes e depois ia embora, mas acabaram sendo os takes mais longos da vida dele", disse ele.

Colegas da Band vestiam no velório uma camisa com os dizeres "ual! Que ângulo!" e com um desenho de Santiago sentado nas nuvens. "Agora são dois [cinegrafistas mortos]. Ele e o Gelson", lembrou Macedo em referência ao outro colega que morreu num confronto numa favela, em 2011.

A repórter Camila Grecco, também da Band, lembrou que Andrade sempre foi um profissional competente. "Ele não gostava de manifestação, mas quando tinha que cobrir sempre ia com cautela. Era muito cauteloso", disse a ela.

Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Band, presente no velório declarou estar indignado com a morte de Santiago.

"Foi mais uma tragédia que poderia ter sido evitada se tantas providências necessárias tivessem sido tomadas. Hoje, já há uma discussão em Brasília sobre a mudança na legislação, mas acho que é muito mais do que isso que a gente precisa. Há uma irracionalidade e desordem absurdas. Isso todo mundo vê. Acho que, durante um certo tempo, nós todos vimos isso com uma naturalidade que não é adequada. Você não pode imaginar que um grupo de mascarados seja representante de algo legítimo", disse ele.

O corpo de Santiago será cremado. O cinegrafista deixa mulher, uma filha e três enteados.

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