A juíza Tatiane Moreira Lima voltou nesta segunda-feira (4) ao trabalho, no Fórum do Butantã, na zona oeste de São Paulo, após ser feita refém por um homem acusado de maus tratos contra a ex-mulher. A magistrada foi agredida, ameaçada de morte e teve parte do corpo coberta com gasolina. O caso aconteceu na última quarta-feira (30) no gabinete dela.
A magistrada contou que durante os quase 20 minutos em que ficou em poder do agressor temeu pela própria vida. Alfredo José dos Santos, de 36 anos, segurava um isqueiro e ameaçava atear fogo na juíza e se matar depois. “Eu pensei, em alguns momentos, que ele acenderia aquele isqueiro. Ele me esganava com muita força e fazia ameaças o tempo todo”.
De acordo com a polícia, o suspeito, que fez curso técnico de química, usava um capacete militar com a inscrição “inocente”. Sua roupa tinha dizeres como “fraude processual” escritos à mão. Santos estava no fórum para participar de uma audiência que analisaria uma agressão que ele teria cometido contra a mulher dele, em 2013.
“Ele me confundiu com outra magistrada. Ele estava ali para passar por uma audiência do processo e não para perder a guarda do filho”, destacou a magistrada. O agressor foi rendido por policiais militares num momento de distração.
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Leia a matéria completaCompaixão
Tatiane disse que não guarda raiva do agressor, mas um sentimento de compaixão. “Ele tentou resolver um problema da pior maneira possível, que é a Justiça com as próprias mãos”.
Logo após ser libertada, a juíza passou por exames em um hospital. Quando chegou em casa com o marido, ela foi recebida pela filha de 6 anos. “Eu tive que deixar minhas roupas no IML para perícia e voltei para casa com a roupa do hospital. Minha filha perguntou se eu havia ganhado um bebê”. Tatiane tem outro filho de 3 anos.
Tatiane garante que sai desse episódio fortalecida. “Diariamente, eu ouço relatos de mulheres vítimas de todo tipo de agressão. Aqui, acabei me tornando uma vítima também. Volto mais fortalecida para lutar pelos direitos das mulheres vítimas de violência doméstica”.
O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Paulo Dimas, visitou a magistrada com representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele afirmou que o caso está sendo investigado para adoção de providências. “A primeira será o aumento da segurança privada no fórum”, afirmou.
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