Unidade Prisional do Puraquequara, de onde foram retirados alguns dos presos que começam a ser transferidos nesta quarta (11| Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

O governo do Amazonas começou a transferir nesta quarta-feira (11), 17 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e da Unidade Prisional do Puraquequara, em Manaus, onde foram mortos na semana passada 60 presidiários. Também foram retirados presos do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat).

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Os homens, que serão levados a unidades federais são lideranças da facção Família do Norte (FDN), que ordenou o massacre nas cadeias. O Ministério da Justiça disse que, até que as transferências sejam concluídas, não irá informar para quais unidades os detentos foram transferidos.

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Entre os que deixarão o estado estão presos classificados como “xerifes” da organização, que coordenavam a atividade criminosa dentro das penitenciárias - além de pessoas acusadas de assassinatos em nome da facção e traficantes da região de fronteira.

Ao menos quatro dos 17 já haviam sido identificados pela Polícia Federal na Operação La Muralla, que desarticulou parte da quadrilha. No relatório da investigação, é dado destaque para Márcio Ramalho Diogo, o Garrote, transferido nesta quarta, descrito como “perigoso membro da FDN, com diversos antecedentes criminais e reconhecido no mundo do crime pela extrema violência e crueldade com que atua”. Segundo a PF, ele era um “xerife” no Compaj, homem de confiança de outro integrante da cúpula, Carlos César Libório, o Cubiu.

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A investigação mostrou que Diogo era responsável pelo transporte de grandes cargas de drogas da fronteira para Manaus, tendo sido preso em abordagem policial. Ele, de acordo com a polícia, executava ordens e fazia cumprir as regras de disciplina imposta pelas lideranças, “sendo inclusive o responsável por aplicar penas aos detentos que variavam de lesões graves ao homicídio”. Na cadeia, a PF disse que ele se converteu em braço direito de José Roberto Fernandes Barbosa, o Pertuba, um dos criadores da FDN.

Também transferido nesta quarta-feira, André Said de Araújo foi descrito pela polícia como homem de confiança do fornecedor de drogas colombiano Daniel Rodrigues Orosco. “(André) se encarregava de toda a parte operacional do grupo relacionada ao recebimento, armazenamento e distribuição de drogas, armas e dinheiro”, descreveu os agentes no relatório da operação.

Lenon Oliveira do Carmo, que está no grupo dos 17 retirados do Compaj, também é considerado de “alta periculosidade” e importante membro da FDN, ligado ao grupo do “xerife” Alan Castimário. Além dele, Eduardo Queiroz de Araújo estaria ligado aos assassinatos praticados a mando da facção, “sendo sicário de total confiança de Alan Castimário e José Roberto”.

“Foi o executor de diversos homicídios realizados a mando das principais lideranças, especialmente no episódio que terminou conhecido como fim de semana sangrento”, disse a Polícia Federal.

Investigação

O pedido de transferência ocorreu a partir de informações reunidas pela força-tarefa criada para investigar o massacre no Compaj. A Polícia Civil amazonense informou usar desde o princípio do inquérito instaurado para apurar o caso imagens de câmeras de segurança do circuito interno do Compaj.

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Segundo os policiais, havia imagens que mostravam os assassinatos e ajudariam a identificar os diretamente envolvidos. Não foi informado nesta quarta se os 17 responderão pelos 56 homicídios do local, ou se o número de envolvidos nos crimes pode aumentar.