Identificado no país há cerca de um mês, o zika vírus, novo “primo” da dengue, já soma casos confirmados em ao menos oito estados, segundo o Ministério da Saúde e secretarias estaduais.
Até o dia 3 de junho, foram confirmados casos de zika vírus na Bahia, Rio Grande do Norte, São Paulo, Alagoas, Pará, Roraima e Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira (10), Maranhão também confirmou o primeiro registro da doença.
O ministério não informou o total de casos. Em contato com as secretarias estaduais, a reportagem identificou ao menos 34 registros já confirmados após exames.
O aumento rápido do número de casos indica que o zika, porém, já circulava no Brasil desde o ano passado, mas só agora passa a ser contabilizado entre os registros epidemiológicos. A suspeita é que o vírus tenha chegado ao país com turistas durante a Copa do Mundo.
“É uma doença que até então não era testada. No início, todo mundo ficou pensando que era uma dengue atípica”, diz a infectologista Sylvia Lemos Hinrichsen, do comitê de saúde do viajante da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
Em nota, o ministério afirma que “está monitorando a circulação do vírus” e prepara um documento técnico com proposta de vigilância e orientações para todos os Estados e municípios.
O governo, no entanto, diz que não contabilizará mais casos por considerar a doença “benigna” – embora seja transmitida pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, a doença tem sintomas considerados mais leves e recuperação mais rápida, em até sete dias.
Descoberto pela primeira vez no mundo na Uganda no fim dos anos 1980, o zika vírus se caracteriza por manchas no corpo, coceira, febre baixa, além de dor de cabeça, dores musculares e nas articulações. Pacientes também podem apresentar vermelhidão nos olhos, sem, contudo, ter secreção ou coceira.
Apesar do recente aumento de casos, a expectativa é que a doença possa ter uma trégua nas próximas semanas devido à chegada do inverno, que torna o clima desfavorável ao mosquito transmissor -assim como ocorre com a dengue.
Boletim do Ministério da Saúde divulgado na quarta (10) aponta uma queda de 68% nos casos de dengue no mês de maio, em comparação a abril.
Dengue
As recentes confirmações da nova doença deram origem a uma curiosidade: teriam alguns casos de zika sido confundidos com a dengue? “É possível. A grande dúvida é se temos muita dengue, dengue atípica ou zika”, afirma Hinrichsen, que reforça a necessidade de orientar os pacientes a procurarem assistência médica logo nos primeiros sintomas, já que a dengue é mais grave.
Além do mesmo vetor, o zika vírus tem outra característica parecida com a “prima”: parte dos pacientes contaminados não apresenta sinais da doença. A estimativa é que apenas 18% das pessoas que têm contato com o zika vírus apresentem sintomas, segundo informações do Ministério da Saúde.
A diferença principal, como lembra Hinrichsen, no entanto, é a letalidade: enquanto a zika tem recuperação rápida, a dengue, se não tratada adequadamente, pode se tornar grave e levar à morte. “Já a zika tem menos efeitos colaterais e compromete menos as plaquetas [células que coagulam o sangue]”, ressalta a infectologista.
Hoje, não há um remédio específico para o zika vírus. O tratamento é sintomático e baseado no uso de medicamentos para febre e dor, conforme a orientação médica. O uso de ácido acetilsalicílico e drogas anti-inflamatórias não é indicado, já que aumentam o risco de complicações.
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