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Zoo de Itaipu tem nascimento raro de onça-pintada em cativeiro

Nada de pintadas: filhotes têm a mesma cor da mãe, Nena | Rubens Fraulini/Divulgação
Nada de pintadas: filhotes têm a mesma cor da mãe, Nena (Foto: Rubens Fraulini/Divulgação)

Dois filhotinhos de onça-pintada nasceram entre a tarde desta quarta-feira (28) e a manhã desta quinta (29), no zoológico do Refúgio Biológico Bela Vista da hidrelétrica Itaipu em Foz do Iguaçu. O evento é raro e uma boa notícia para a espécie ameaçada de extinção (Panthera onca). Nos últimos dez anos houve apenas sete outros registros de nascimento do animal em cativeiro no País.

A reprodução, que era desejada no refúgio havia 14 anos, quando a primeira onça foi abrigada no local, é considerada difícil e ocorreu graças à chegada de uma fêmea jovem. Nena, de 3 anos, foi encontrada ainda filhote ao lado da carcaça da mãe no Araguaia, na divisa entre Mato Grosso e Goiás.

Depois de ficar sob cuidados no Instituto Onça Pintada, em Mineiros (GO), ela foi transferida, no final de agosto, para o refúgio de Itaipu. Foi colocada no mesmo recinto que o macho Valente, de 9 anos, e os dois rapidamente se entenderam.

O resultado foram os dois filhotinhos, pretos como a mãe. A coloração diferente se dá por excesso de melanina. Não há fotos dos dois, por enquanto, para não estressar a mãe. A expectativa é que eles serão expostos para visitação em março.

Segundo Wanderlei de Moraes, médico veterinário e responsável técnico pelo zoológico, a reprodução é considerada muito difícil porque, em geral, os animais que estão em cativeiro no País já são mais velhos.

A partir dos 12 anos de idade as fêmeas já não conseguem se reproduzir. E em geral são essas que acabam tendo algum problema na natureza, como atropelamentos ou ferimentos e depois levadas a zoológicos ou centros de atenção à vida selvagem.

Como o relacionamento com Valente deu certo muito rapidamente, a esperança de Moraes é que Nena possa dar muitos outros filhotes pelos próximos sete anos. Por gestação, uma fêmea pode ter até quatro filhotes, mas ela fica cuidando deles por mais de um ano.

Moraes explica que a princípio não há previsão de tentar integrar os filhotes na natureza. “Estamos trabalhando com outras instituições do País para manter uma população viável em cativeiro e mais tarde tentar fazer a reintrodução”, diz. Segundo ele, isso é importante para criar um banco genético viável para ajudar em programas de conservação da espécie na natureza a longo prazo.

“Como há poucas onças na natureza e, especialmente aqui no Sul e no Sudeste elas vivem em ambientes muito fragmentados, às vezes não conseguem se reproduzir. Então estamos pensando em ter um banco genético para pensar em projetos de inseminação artificial ou até mesmo transferência de embrião no futuro. A ideia é ter uma população para ajudar a desenvolver essas técnicas.”

Pelo projeto, uma fêmea isolada, por exemplo, poderia ser capturada para passar por um procedimento desses e quando estivesse prenha seria solta de volta à natureza. Moraes explica que isso já foi feito com o cervo do pantanal.

Moraes explica que é muito difícil fazer a reintrodução de filhotes uma vez que os bebês aprendem a caçar e a sobreviver com as mães. “Para o ser humano fazer esse treinamento é muito difícil”, lamenta.

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