O dia 30 de agosto de 2016 entrará para a história da vida política do Brasil. Nesta terça-feira (30), o Senado deve decidir se aprova ou rejeita o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). E todos os prognósticos – no governo e na oposição – dão como certa a perda definitiva do mandato da petista em favor de Michel Temer (PMDB). Seria o segundo presidente cassado no país entre os quatro eleitos democraticamente desde o fim da ditadura militar.
Para que Dilma perca o cargo, é necessário o voto favorável ao impeachment de 54 entre os 81 senadores. A tendência é que os votos “sim” girem na casa dos 60. O fim do processo na esfera legislativa, porém, não deve encerrar de vez o imbróglio. A defesa da petista já prepara um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a eventual confirmação do impedimento. O mandado de segurança é elaborado pelo ex-ministro José Eduardo Cardozo.
A ida à Justiça retrata o teor do discurso de 46 minutos que Dilma fez no Senado na manhã desta segunda: “Nesses meses, me perguntaram inúmeras vezes por que eu não renunciava. Jamais o faria porque nunca renuncio à luta”.
Na luta contra o fantasma do impeachment praticamente desde o início do segundo mandato, a petista fez da tribuna da Casa mais um registro histórico para a história daquilo que considera um “golpe de Estado” do que uma tentativa de convencer parlamentares a votar a seu favor. Negando ter cometido qualquer crime de responsabilidade, disse que o golpe atual é dado por meio de “retórica jurídica” e não com “armas”.
Segundo ela, a oposição atuou na tática do “quanto pior, melhor” para minar a economia. Além disso, em referência ao áudio entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, mencionou a força política de quem queria estancar a “sangria” da Lava Jato.
“Arquitetaram a minha destituição, independentemente da existência de quaisquer fatos que pudesse justificá-la perante a nossa Constituição. Encontraram, na pessoa do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o vértice da sua aliança golpista”, atacou, ao dizer que foi vítima de chantagem do peemedebista para que o caso contra ele não avançasse no Conselho de Ética da Casa.
Emocionada ao falar das torturas que sofreu durante a ditadura, Dilma afirmou que “este é o segundo julgamento a que sou submetida em que a democracia tem assento, junto comigo, no banco dos réus”. Em rápidas linhas, disse acolher as “críticas com humildade” por ter defeitos e cometer erros.
Mais por formalidade do que por convicção, encerrou o discurso com um pedido: “Votem contra o impeachment. Votem pela democracia”.