O Paraná aparece no centro de um dos maiores escândalos de corrupção no Congresso, a Máfia dos Sanguessugas. Em entrevista ao programa Fantástico, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que operava o esquema, revelou que o estado foi o segundo que mais recebeu ambulâncias superfaturadas.
Num depoimento que se estendeu por nove dias, o empresário, preso em maio, disse à Justiça que mais de cem parlamentares receberam - direta ou indiretamente - dinheiro e presentes. Segundo ele, o estado que mais recebeu foi o Mato Grosso, com 111 municípios. No Paraná, pelo menos 50 cidades teriam recebido os veículos. Minas Gerais aparece em terceiro, com 41. Rondônia, com 37, e Pará, com 32, completam os cinco primeiros. Das 27 unidades da federação, o esquema só não teria agido no Distrito Federal e no Amazonas.
Luiz Antônio Vedoin também detalhou como funcionava o esquema de emendas e licitações: um deputado ou senador ligado à quadrilha apresentava uma emenda com o objetivo de destinar verbas extras do orçamento federal a um município ou organização não-governamental para a compra de ambulâncias.
Aprovada a emenda pelo Ministério da Saúde, era feita a licitação totalmente fraudulenta. Só participavam empresas ligadas à quadrilha. Se uma empresa legítima se interessasse, a licitação era cancelada.
Quando a verba era liberada, a quadrilha entregava a ambulância, muitas vezes um veículo usado e mal-aparelhado. Luiz Antônio Vedoin afirma ter vendido entre 800 e mil ambulâncias desde 2001.
Vedoin diz que os parlamentares cobravam, em média, 10% de comissão sobre o valor das emendas. Entre 2% e 3% eram pagos quando acertavam a negociata. Outros 2% a 3% vinham quando a emenda era aprovada. O restante era pago quando a verba era liberada.
Segundo Vedoin, parlamentares que participavam assiduamente da máfia das sanguessugas tinham até conta-corrente junto à quadrilha. Os pagamentos das propinas eram feitos com freqüência em dinheiro vivo.
Parlamentares envolvidos
Na semana passada a CPI das Sanguessugas divulgou uma lista com o nome de 56 deputados e um senador que estão sendo investigados. O único nome paranaense nesta lista é o do deputado federal Íris Simões (PTB), que negou envolvimento na fraude na semana passada.
Veja como o esquema funcionava na reportagem em vídeo do ParanáTV
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