Acomodadas em barracas e camas improvisadas, cerca de 500 pessoas pernoitaram no plenário e pátio externo da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A situação dos manifestantes não é confortável. Desde a noite de terça-feira (11), o ar condicionado do prédio foi desligado, de modo que o calor no plenário era intenso mesmo no início da manhã. Água e alimentos são providenciados pela APP-Sindicato, representante dos servidores da rede estadual de educação. Apesar da improvisação, quem encarou o acampamento afirma que a noite foi tranquila.
Para Antônio Gonçalves, professor há 20 anos em Londrina, a greve e a ocupação refletem um momento delicado vivido pela categoria. "É a primeira vez que participo de uma ocupação. Foi interessante ver a movimentação e a união dos professores quando se percebeu que o pacote passaria na assembleia. Precisamos preservar o que conquistamos, e não retroceder."
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Com 44 anos de magistério, Marines Teixeira, 65 anos, presidente do núcleo de Mandaguari da APP-Sindicato, era uma das mais animadas, a despeito da noite dormida parte em uma cadeira, parte no chão. "Eu sou professora há uma vida. Não posso ver uma carreira construída ao longo de décadas ser jogada no lixo", declarou. Marines tem experiência na luta pela categoria: em 1988, conta, acampou na Alep durante 16 dias. "A gente tem que lutar. Parece que os deputados sequer sabem o que está escrito nos projetos, porque se soubessem não iriam votar contra a gente", lamenta.
De acordo com Valkiria Mazeto, secretária educacional da APP-Sindicato, os manifestantes acampados só deixarão a Alep se os dois projetos de lei propostos pelo governo do estado, o chamado "pacotaço", forem retirados da pauta de votação. Na manhã dessa quarta-feira (11), integrantes do comando de greve reuniram-se para discutir as estratégias do movimento e definir as demandas da categoria para o fim da ocupação. Lideranças do governo e da casa também reuniram-se pela manhã.
Entre os pontos que provocam mais indignação nos professores estão o fim da Paraná Previdência e as novas regras para aposentadoria e modificações que alteram a progressão de carreira e a concessão de licenças. "A lei instaura uma lógica distorcida de meritocracia. Hoje, temos condições de investir em formação, em qualificação, com o projeto perdemos isso, perdemos os avanços conquistados em termos de progressão e promoção", explica Valkiria.
Terceiro dia de manifestações
A manifestação dos professores e funcionários da rede estadual de educação que culminou, na tarde de terça-feira (10), na ocupação da Alep por parte dos manifestantes entra no terceiro dia nessa quarta-feira (11). Até o início da tarde, a Alep segue ocupada; cerca de 500 pessoas, entre servidores estaduais e representações estudantis, passaram a noite no prédio; há barracas espalhadas pelos corredores, pela rampa de acesso às galerias do plenário e no pátio externo.
Pela manhã, a entrada e a saída do prédio da assembleia eram controladas pela APP-Sindicato, mas a movimentação era tranquila. Equipes da Polícia Militar acompanharam a ocupação durante toda a madrugada e, por volta das 7 horas, equipes do Batalhão de Choque chegaram ao Centro Cívico.
Sem diálogo
Para o professor Alessandro Schultz, 19 anos em sala de aula, a ocupação foi a única resposta possível diante da falta da iminência da aprovação do "pacotaço", que extingue vários benefícios concedidos ao funcionalismo público estadual. "Os professores não foram escutados. Quando a comissão geral foi aprovada, entendemos que ou interrompíamos a sessão, ou voltaríamos para casa sem carreira. Mas a ocupação foi pacífica, sem violência inclusive por parte da polícia", conta.
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