Impossibilitado de ser candidato à reeleição, o governador Beto Richa (PSDB) manifestou a deputados da base aliada, nesta segunda-feira (16), a intenção de não disputar o pleito de 2018. Tido até aqui como nome certo na corrida ao Senado, o tucano precisaria renunciar ao governo em abril do ano que vem para participar da briga. Mas, a parlamentares governistas, disse que cogita fortemente concluir o mandato à frente do Palácio Iguaçu.
Segundo estes aliados, Richa entende ser necessário ter presença ativa no cargo para terminar sua segunda gestão em alta, ao contrário do início dela em 2015. E, renunciando ao posto, seria “carta fora do baralho” durante os nove últimos meses do ano que vem. Permanecendo, porém, poderia terminar os projetos que considera importantes para o estado e, de quebra, fazer o sucessor - hoje o mais falado é Osmar Dias (PDT).
Agenda intensa no começo de 2017
Apesar de trabalhar com a hipótese de não disputar o Senado em 2018, Richa tem tido uma agenda intensa nesses primeiros dias do ano, típica de quem quer resgatar a popularidade. Além de liberar recursos para Curitiba - onde é rejeitado por 71,4% da população - e anunciar o início da reintegração dos ônibus com a região metropolitana, o tucano repassou R$ 430 milhões de uma cota extra de ICMS aos prefeitos do estado e tem viajado o interior entregando máquinas e equipamentos a diversas prefeituras. “É preciso sair da bolha do Centro Cívico e trabalhar com o povo”, diz um deputado governista.
Sobre as consequências da decisão para a carreira política de Richa, os aliados têm convicção que a “antiga oposição”, que era encabeçada pelo PSDB e se opunha à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), vencerá a eleição presidencial em 2018, o que abriria espaço para ele virar ministro. Outro reflexo seria a impossibilidade legal de Marcello Richa, filho do tucano, tentar se eleger deputado estadual no ano que vem. O governador, no entanto, teria dito que ele está feliz e trabalhando com o que gosta na Secretaria de Esportes da prefeitura de Curitiba e, portanto, não precisa de mandato neste momento para estar na vida pública.
Síndrome do vice
Outro fator que pode levar Richa a ficar de fora das próximas eleições é o receio em ter de entregar o governo a vice Cida Borghetti (PP), em abril do ano que vem. Além das incertezas em torno do comportamento dela à frente do cargo - sob a sombra do marido e ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP) -, há o temor de perseguição ao grupo político de Richa no Executivo estadual. Também existe o risco de, com a força da cadeira de governadora, Cida seja uma candidata no campo adversário ao atual governador, trazendo, a reboque, concorrentes para ele numa eventual disputa ao Senado, quando estarão em jogo duas cadeiras pelo Paraná.
Aliados desenham esse cenário citando o caso de Ary Queiroz, vice de Alvaro Dias no Palácio Iguaçu, de 1987 a 1991. À época, tudo levava a crer que Alvaro sairia do governo para tentar se eleger senador, a ponto de Queiroz já ter começado a montar uma nova equipe, descartando os secretários que estavam nos cargos. No dia da esperada renúncia, entretanto, Alvaro decidiu ficar no cargo, surpreendendo a todos. Com isso, só voltaria a exercer um novo mandato eletivo em 1999, quando enfim assumiu uma vaga no Senado.
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