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Não há dúvida de que Ratinho Jr. é a surpresa da eleição deste ano em Curitiba. Desde que Gustavo Fruet trocou o PSDB pelo PDT, dizia-se que a disputa seria entre ele e Luciano Ducci (PSB). Agora a coisa mudou de figura e há pelo menos três nomes com chance real de vitória.

Mas como Ratinho chegou até aqui, ainda mais estando em um partido pequeno? Porque, convenhamos, o PSC é quase inexistente. No Paraná, tem quatro deputados federais, mas apenas porque Ratinho fez tantos votos em 2010 que acabou puxando junto outros candidatos – como Tiririca em São Paulo.

É a coligação, então, que dá força a Ratinho? Obviamente, não. Ratinho tem a seu lado apenas partidos que em Curitiba são pequenos. O PR de Carlos Simões. O PCdoB (quem diria que essa seria a chance de os comunistas chegarem ao poder...). E o PTdoB, de Danilo D’Ávila. Para se ter uma ideia da força da esquadra, os quatro partidos conseguiram eleger um único vereador em 2008 na cidade: o chefe da torcida organizada do Atlético, Julião da Caveira, do PSC.

Junior também tem apenas um padrinho político: o próprio pai. Não é pouca coisa. Nem é à toa que ele copiou o apelido para que não haja dúvida nenhuma de que ele é o herdeiro do cacife de Ratinho. Mas não há ao lado dele governador, prefeito ou senador. E, mesmo assim, ele está onde está.

Seriam as ideias que levaram o candidato a sua popularidade? Difícil. Apesar de a coligação falar o tempo todo em "novas ideias", as propostas são muito simples (estender o horário de creches) ou muito vagas. Ideia realmente nova? Dia desses, na tevê, a "novidade" era coletar mais lixo reciclável...

Mas então o que fez Ratinho chegar aonde está? Cientistas políticos poderiam passar anos debatendo o assunto. Mas o que se pode fazer é procurar paralelos na história. E aí talvez seja o caso de fazer a pergunta: alguém se lembra de algum candidato que fez sucesso sem ter partido ou coligação fortes? Alguém que fez campanha dizendo ser o "novo" e que, sem aderir a nenhum projeto ideológico, conquistou o voto da juventude, da periferia, dos que estavam cansados da política tradicional? O nome de Fernando Collor veio à cabeça de alguém?

Ninguém está dizendo que como governantes os dois seriam iguais. Mas, como candidatos, as semelhanças são inegáveis. Assim como no caso de Collor em 1989, Ratinho é o favorito dos descontentes com a "política tradicional". Ganha votos não pela ideologia, nem pelo partido, nem pelos apoios. Mas, sim, porque faz o curitibano jovem, de classe média ou de periferia, se ver representado nele. Um sujeito que insiste em dizer que tem origem humilde e que não se parece nem com um tucano da USP nem com um petista de sindicato.

O próprio Ratinho já disse: seu governo não se baseará na divisão política atual. Poderá chamar gente do lado de Dilma ou de Richa, tanto faz. Sua campanha se tornou um símbolo da fadiga da política partidária tradicional no país. Ratinho Jr. não representa nenhum grupo organizado. E o povão, assim como em 1989, parece se empolgar com isso. O mesmo povo que há 23 anos elegeu o apresentador Ratinho para deputado federal, pelo mesmo PRN de Collor.

Não é irônico como a história se repete?

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