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O sujeito vai à padaria e recebe o troco errado. O caixa, distraído, lhe dá um real a mais do que devia. O cliente nada fala. No dia seguinte, volta para comprar pão novamente e, dessa vez, recebe um real a menos. Sem pensar duas vezes, exige o troco certo. O caixa alega que no dia anterior errou para o outro lado e o cliente não falou nada. "É que um erro eu perdoo. Mas dois em seguida, não!"

A piadinha explica o que a Lei de Gerson já dizia. O sujeito quer levar vantagem em tudo. E muito candidato curitibano está aplicando o critério ao pé da letra. Os três candidatos mais fortes já mostraram que têm um critério para atuar quando a coisa lhe favorece e outro completamente oposto quando não estão levando vantagem em nada. Como fizeram isso? Com as pesquisas eleitorais.

Ok: todos concordamos que as pesquisas não podem nem devem ser o centro de uma eleição. Mais do que isso, é preciso admitir que várias vezes os institutos erram e acabam prejudicando candidaturas. Portanto, um candidato que fosse contra todas as pesquisas seria merecedor de respeito. Teria um posição clara e seria possível prever seu comportamento. Estaria agindo de boa fé.

Não é assim que têm agido Luciano Ducci e Ratinho Junior. Os dois, desde o começo oficial da campanha, parecem ficar de olho nos números de suas pesquisas internas. Quando alguma pesquisa vai ser divulgada pelos meios de comunicação, fazem uma análise e veem se devem estar mais atrás ou mais na frente. E, dependendo de seu interesse momentâneo, as pesquisas simplesmente passam a ter uma metodologia errada e devem ser banidas da face da terra.

Sabendo que a lei que rege as pesquisas é um daqueles monstros que permitem brechas sempre, os candidatos entram no Judiciário e muitas vezes conseguem impedir a publicação por simples interesse próprio. Veja bem: a metodologia é a mesma das pesquisas anteriores. É a mesma, inclusive, das pesquisas que os mesmos candidatos usam para contar vantagem na tevê, dizendo que "estão na frente", mesmo quando têm apenas uma situação de empate técnico.

Desde segunda-feira, Gustavo Fruet, que vinha mantendo uma postura diferente, dizendo que nunca barraria pesquisas, aderiu ao clube e foi à Justiça contra o Datafolha, causando constrangimentos até mesmo dentro de sua equipe.

O problema não é com relação às pesquisas. Sem elas o mundo continua exatamente do mesmo tamanho. O problema é sobre o que isso revela do entendimento dos candidatos sobre o mundo. Eles não podem decidir que a lei vale em certos casos (quando lhes favorece) e que não vale em outros casos. Não podem decidir que a mesma metodologia é legal em um caso e ilegal em outro.

Um prefeito tem de saber o que quer. Um contrato é válido ou não é. Ou isso vai depender de alguém ser beneficiado com ele? Uma licitação tem de ser feita dentro do critério legal. Ou o critério vai depender de algum fator externo, de quem terá mais chance de ganhar.

Até agora, o símbolo do entendimento jurídico da campanha é o de um advogado correndo ao TRE para impedir o julgamento da ação que ele mesmo havia impetrado contra uma pesquisa. É que ele havia descoberto que seu candidato aparecia em primeiro lugar...

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