A primeira “prova de fogo” do presidente interino Michel Temer (PMDB) após ter declarado que “ninguém” interferirá na Operação Lava Jato, afirmando que declara isso pela “enésima vez”, será sua atitude sobre a cobrança da Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF), que, nesta terça-feira (31), elegeu três nomes para indicar ao cargo de novo diretor-geral da instituição.
A lista tríplice deve ser levada ao presidente interino nos próximos dias. A delegada Erika M arena, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, encabeça a indicação.
Erika representou a PF no evento na Justiça Federal, em que todos os integrantes da força-tarefa da Lava Jato foram homenageados pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). Ela não quis falar com a imprensa, mas, em seu discurso de agradecimento, citou algumas dificuldades da operação.
“[A Lava Jato começou] em meados de 2013, a partir de um caso complexo, mas sem muitas condições de investigações, começou solitário, com dificuldades, mas com muita persistência, até hoje é um grande exemplo para todos nós. Hoje trabalhamos com uma equipe não tão grande, mas valorosa e valente, que se esforça e tem muito compromisso com o que faz e é em nome dela que nós recebemos essa homenagem”, disse a delegada.
Na segunda-feira (30), o presidente da ADPF Carlos Eduardo Sobral afirmou ter “certeza” que Temer acatará a lista tríplice e minimizou as declarações feitas pelo ministro da Justiça Alexandre de Moraes que criticou recentemente a forma encontrada pela associação para indicar o novo diretor-geral da PF. “A gente vê com naturalidade essa resistência do ministro porque é uma mudança de cultura. Num primeiro momento ele ainda está tomando conhecimento de como a instituição funciona”, declarou.
Perfil
Conhecida pela discrição dentro da força-tarefa da Operação Lava Jato, a delegada da Polícia Federal (PF) Erika Marena, que encabeça a lista tríplice de indicação para a direção-geral da instituição, não é adepta de declarações públicas. Mesmo nas coletivas de imprensa em novas fases da operação, ela pouco aparece.
Recentemente, Erika se envolveu em uma situação polêmica dentro da Lava Jato: uma ação judicial da qual ela é autora fez com que dez reportagens sobre a operação e a PF publicadas em um blog fossem tiradas do ar. Os textos tratavam de vazamentos de informações supostamente por parte de delegados e procuradores, e grampos nas celas e dependências de presos. Erika alegou que as reportagens colocavam em dúvida sua seriedade de caráter.
Erika é natural de Apucarana, Norte do Paraná, e entrou para a PF em 2003. Logo no primeiro ano participou da Delegacia de Crimes Financeiros (DELEFIN), em São Paulo. Em 2005, foi coordenadora da força-tarefa do caso Banestado, em Curitiba. Dois anos depois, ingressou no Grupo de Repressão a Crimes Financeiros (GRFIN), na capital, permanecendo até 201. Nos dois últimos anos, foi chefe do setor.
Em 2012, Erika participou da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários. No ano seguinte, chefiou a Delefin em Curitiba. A delegada é uma das peças importantes na coordenação da Operação Lava Jato. Ela passou a fazer parte da equipe ainda em 2014, primeiro ano de operação, e permanece na equipe até hoje.
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