O PT aprovou nesta quinta-feira (29) uma resolução em que, apesar das críticas à política econômica da presidente Dilma Rousseff, baixou o tom em relação ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Falcão: Temer me ligou e negou que documento do PMDB acusasse PT de fratricídio
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta quinta-feira, 29, que o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) ligou para ele e desmentiu que o documento do PMDB acusasse o PT de ser “fratricida”. De acordo com o petista, Temer reconheceu, contudo, que o texto contém críticas à atual política econômica do governo Dilma Rousseff. “O Temer me ligou e disse que não se trata disso, que não tem essa história de fratricídio”, disse em coletiva de imprensa após reunião do Diretório Nacional do PT.
O documento divulgado hoje pelo PMDB faz um diagnóstico do atual cenário, dizendo que o Brasil encontra-se em uma situação de grave risco, com uma profunda recessão que deve durar até 2016, juros elevados e inflação muito acima da meta que ameaça sair de controle. Apesar do diagnóstico, o partido não faz críticas contundentes à atual gestão nem propõe, como defende uma ala da legenda, algum tipo de rompimento com o governo da petista Dilma Rousseff.
Embora siga a orientação do ex-presidente Lula de poupar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a sigla manteve no texto final do documento a avaliação de que o presidente da Câmara e a ala conservadora da Casa “flertam com o impeachment presidencial”.
A análise dos principais dirigentes do partido que estiveram no encontro desta quinta é de que houve um recuo no tom adotado, tanto por Lula, quanto pelo presidente do partido, Rui Falcão, que fizeram discursos “brandos” e “leves”.
Em entrevista à Folha de S.Paulo no último dia 18, Falcão foi taxativo ao afirmar que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deveria deixar o cargo caso não estivesse disposto a mudar os rumos da economia. Os dirigentes acreditavam que esse discurso, considerado “mais agressivo”, ditaria o tom da resolução aprovada esta tarde.
Os líderes petistas também notaram mudanças na manifestação de Lula, que sempre foi um dos maiores críticos de Levy, chegou a sugerir a troca dele à Dilma e afirmou que ele tinha prazo de validade. Recebeu da presidente a resposta de que não estava na hora de criar um novo “celeuma” e seria melhor aguardar a troca. Nesta quinta, o ex-presidente foi mais brando, pediu paciência e afirmou que não adianta trocar o ministro da Fazenda para fazer a economia melhorar.
A mesma avaliação ocorreu em relação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Alguns dirigentes consideraram o resultado da reunião “leve”.
Em entrevista ao fim da reunião, Falcão destacou que chegou a haver uma proposta para que o PT apresentasse uma representação pela cassação de Cunha ao Conselho de Ética da Câmara. Contudo, a sugestão foi rejeitada pela maioria dos presentes.
“Ninguém tem dúvidas no PT de que quem tem acordo com ele [Cunha] é a oposição. Ele terá que responder sobre as denúncias que lhe fazem na Justiça, no STF e no Conselho de Ética”, reafirmou o petista que, mais cedo, em seu discurso na abertura da reunião, já havia destaca que a sigla vai fechar questão sobre o posicionamento que irá adotar sobre o caso quando ele for a julgamento no Conselho de Ética da Câmara.
Poupar Cunha é uma das prioridades de Lula. A estratégia faz parte de um acordo para proteger a presidente Dilma Rousseff, alvo de processos de impeachment na Câmara dos Deputados, que dependem, num primeiro momento, de uma decisão monocrática do presidente da Câmara, a quem cabe deferir ou indeferir o pedido.
Cunha é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro e também suspeito de esconder contas na Suíça em seu nome e de sua esposa. Já existe um processo que sugere a perda do mandato do deputado em andamento na Câmara, protocolado pelo PSOL e pela Rede. Para Rui Falcão, no momento certo, o partido vai se posicionar.
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