A estratégia da Polícia Federal para despistar o grupo de Cachoeira ludibriou o advogado, cujas informações mostraram-se equivocadas. Um dia antes de a PF deflagrar a Operação Monte Carlo, os membros da quadrilha ainda estavam preocupados com a possibilidade de ocorrer uma megaoperação em Brasília, para onde foram enviados delegados lotados em Goiânia.
A PF criou uma operação falsa naquele dia exatamente para despistar. Na manhã do dia seguinte, os agentes convocados para a missão falsa foram liberados para voltar para casa, enquanto a Operação Monte Carlo já estava em curso, tocada em Goiânia por outra equipe da PF.
A poucas horas da operação, às 21h48m do dia 28 de fevereiro, os integrantes da quadrilha atingiram o nível máximo de apreensão, conforme revela uma ligação de Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Centro-Oeste, para o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá.
"Dadá, você descobriu o que é que vai ser o trem amanhã, porra?", perguntou Abreu, em tom exaltado.
A resposta foi negativa. Nem por isso o então diretor da Delta, preso pela Polícia Civil de Brasília na Operação Saint Michel, ficou satisfeito. "Descobre aí, descobre aí - insistiu Cláudio Abreu.
Dois dias depois da prisão dos integrantes da organização criminosa, o delegado Deuselino dos Santos - acusado de vazar informações da PF para a quadrilha de Cachoeira", conversou com seu superior na PF de Goiás. Disse que não poderia entregar a arma (conforme ordem judicial) e caiu no choro, alegando inocência.
"Doutor, se eu ficar sem a arma, nego me mata. Não duro um mês. Isso é sentença de morte para mim. (...) Não sou malandro para sumir no mundo. Se ficar sem arma, nego me mata. Tenho dois filhos para criar. A não ser que querem que eu vire um bandido."
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