Acuado pela força tarefa da Operação Lava Jato, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu procurou a Justiça Federal no Paraná, por meio de seus advogados, para dizer que “está à disposição, como sempre esteve”. Basta “mero contato telefônico” com seus advogados para que Dirceu se apresente para esclarecer “eventuais dúvidas das autoridades encarregadas das investigações”. A petição levada à Justiça Federal no Paraná, base da Lava Jato, é subscrita pelos criminalistas Roberto Podval e Paula Indalécio Gamboa.
Dirceu é alvo de intensa investigação da força-tarefa. Os procuradores da República que coordenam a grande investigação avaliam que “é complicada” a situação do ex-ministro. Uma análise dos dados fiscais de Dirceu mostram “inconsistências” em contratos que sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, firmou com empreiteiras que estão sob o crivo da Lava Jato por suspeita de corrupção e propinas no âmbito da Petrobras.
O ex-ministro está preocupado com os rumos da maior investigação já realizada sobre malfeitos na administração pública. Antigos companheiros de PT já estão atrás das grades. Renato Duque, indicado pelo partido para a Diretoria de Serviços da Petrobrás, empreiteiros, entre eles alguns dos clientes da JD Assessoria, e, nesta quarta feira, foi a vez de João Vaccari, tesoureiro do partido. Na semana passada, André Vargas, ex-deputado do PT e secretário de Comunicação do partido entre 2011 e 2014 foi capturado em outra fase da Lava Jato.
Com seu gesto, em que se põe à disposição da Justiça, Dirceu deixa claro que não vai evitar os esclarecimentos que a força tarefa cobrar. Todos os documentos da JD Assessoria e outros ele irá entregar, se os procuradores solicitarem.
Na petição à Justiça, os advogados do ex-ministro destacam que “ao tomar conhecimento, por meio da imprensa, da existência de medida com vistas a obter seu sigilo bancário e fiscal, pediu vistas do referido procedimento e passou, espontaneamente, a prestar informações, juntando documentos diversos, como balanços de sua empresa e notas fiscais dos serviços prestados”.
Ainda de acordo com os advogados Roberto Podval e Paula Indalécio Gambôa, “após a apresentação de tais documentos, os quais, diga-se de passagem, espelhavam informações que já eram de conhecimento, há anos, da Receita Federal, o peticionário (Dirceu) tomou ciência, novamente pela imprensa, de que o Ministério Público Federal teria encontrado inconsistências nesses documentos.”
“Assim, no afã de esclarecer eventuais dúvidas das autoridades encarregadas das investigações, o peticionário vem informar que está à disposição, como sempre esteve, bastando mero contato telefônico com o subscritor da presente”, diz a petição.
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