"Silêncio, paciência e tempo", eis a receita do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para combater as denúncias de irregularidades contra ele e contra a instituição. Em tom de desabafo, o parlamentar fez nesta sexta-feira um balanço do primeiro semestre.

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Ao dizer-se perseguido pela imprensa, citou o filósofo Romano Lucius Séneca e revelou que sequer desejava assumir o comando do Congresso. Só o fez por apelo dos colegas.

"Séneca dizia que a injustiça somente pode ser combatida com três ações: o silêncio, a paciência e o tempo."

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Os vocábulos revelam não só o sentimento de Sarney, que assumiu o Senado em fevereiro, mas também seu comportamento na condução da crise.

O ex-presidente da República não enfrenta as perguntas da imprensa há semanas. A toda abordagem de repórteres, repete: "Respeitem meu direito de não dizer nada".

Nos priores momentos desde o início das acusações, não compareceu ao plenário do Senado. Via os ataques da oposição e de setores governistas pela TV, e permanecia em silêncio.

A lista de denúncias contra ele é extensa: empregar parentes nas estruturas do Senado; uso indevido de auxílio-moradia; supostas remessas ilegais ao exterior; responsabilidade nos chamados atos secretos; e omissão de declarar uma casa à justiça eleitoral.

Um de seus filhos --administrador dos negócios da família-- é alvo investigação da Polícia Federal. Fernando José Macieira Sarney é suspeito de diversos crimes, entre eles tráfico de influência em órgãos do governo federal comandados por indicados do pai, segundo reportagem de O Estado de S.Paulo, veiculada na véspera.

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A Fundação José Sarney, instituto dedicado à preservação de sua memória, é suspeita de ter desviado dinheiro de patrocínio cultural da Petrobras.

A oposição respondeu à alegação de injustiça.

"É preferível correr o risco de cometer injustiças contra esse ou aquele parlamentar do que cometer injustiça contra a instituição", rebateu, no plenário, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Em seu balanço de fim de semestre, o peemedebista deixou claro que vai exercer seu mandato como presidente da Casa. Para isso, ele conta justamente com o tempo e com a paciência.

No primeiro caso, aposta que o recesso parlamentar (de 18 a 31 de julho, com retorno em 4 de agosto) diminua a temperatura da crise. No segundo, usará seu perfil de homem resignado para tentar colocar um ponto final nela.

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Na última sessão plenária antes do recesso, listou algumas das medidas tomadas: economia de 10 milhões de reais em contrato de mão-de-obra, além de 30 por cento nas despesas com passagens aéreas e de 10 por cento nos demais gastos da Casa.