A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie, suspendeu a decisão do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, em Brasília, que mandou soltar todos os presos na Operação Sanguessuga. Com isso, todos terão que ser presos novamente. Ellen Gracie atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

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Ao mandar soltar os envolvidos, o TRF alegou que a competência para coordenar as investigações era do STF. Ellen Gracie afirmou que, sendo assim, somente a Suprema Corte poderia ter revogado a prisão decretada pela 2.ª Vara Federal da Seção Judiciária do Mato Grosso, onde tramitavam os inquéritos relacionados à Operação Sanguessuga.

O procurador-geral afirmou que o TRF anulou as prisões decretadas em decisão alheia à sua jurisdição e que a documentação relativa ao possível envolvimento dos parlamentares citados nas escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal já foi encaminhada para instauração de inquérito no STF.

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Duas semanas

Antonio Fernando de Souza tem até duas semanas para concluir as investigações sobre parlamentares acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas e, se for o caso, encaminhar as denúncias às corregedorias da Câmara e do Senado. Foi o que ficou decidido durante reunião nesta quarta-feira entre o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PcdoB-SP) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o procurador-geral.

A partir daí, as corregedorias poderão encaminhar aos conselhos de ética os pedidos de cassação dos mandatos de parlamentares que tenham se envolvido com o grupo acusado de direcionar emendas e vender ambulâncias superfaturadas a prefeituras.

As fraudes possibilitaram a compra de mil ambulâncias pelas prefeituras, num valor total de R$ 110 milhões. Uma das principais envolvidas do caso, a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, disse que 283 parlamentares estão na lista de pagamentos da Planam, que tem sede em Cuiabá.

A decisão de iniciar as investigações pela Procuradoria-geral da República deverá esvaziar a movimentação para a criação da CPI dos Sanguessugas:

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- A procuradoria tem muito mais condições de fazer essa investigação do que o Parlamento - afirmou Renan Calheiros.

Apuração

Aldo Rebelo disse que as corregedorias vão acompanhar as investigações da Procuradoria. Vão também continuar a apuração sobre o envolvimento de assessores de parlamentares acusados de envolvimento com a organização:

- As corregedorias não vão ficar paradas - disse Rebelo.

Habeas-corpus

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Os 44 acusados de envolvimento no esquema tinham ganho a liberdade na noite de terça-feira. São empresários, ex-parlamentares e assessores de deputados federais acusados de participar de um esquema de direcionamento de emendas e fraude em licitações para compra de ambulâncias da empresa Planam, do empresário Darci José Vedoin, também preso. Todos ficaram detidos por 20 dias e foram libertados graças a um hábeas-corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília.

A decisão do TRF que libertou os acusados atende a um pedido do ex-deputado Bispo Rodrigues (sem partido), um dos acusados. O desembargador do TRF Olindo Menezes concordou com o argumento dos advogados de que a Justiça Federal de Mato Grosso não tem competência para comandar o inquérito por causa do envolvimento de deputados federais, que têm direito a foro privilegiado. O desembargador determinou a remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo julgamento de parlamentares.

Da ala feminina do presídio Pascoal Ramos saíram as mulheres. Entre elas assessoras parlamentares, empresárias e Maria da Penha Lino. Já os homens, que deixaram a carceragem da Polinter, saíram todos apressados e ao mesmo tempo, entre eles o ex-deputado federal Carlos Rodrigues, conhecido como Bispo Rodrigues.

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