A advogada Maria Cristina Rachado recebia seus honorários pelos serviços prestados a Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, diretamente de integrantes do crime organizado responsáveis por administrar a 'tesouraria' do bando. A advogada foi presa nesta quinta-feira numa operação do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), que cumpriu 21 mandados de prisão contra administradores do crime organizado em São Paulo, responsáveis pelos ataques terroristas ao estado ou que repassaram ordens para os atentados.

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- Fomos surpreendidos com a advogada de Marcola cobrando honorários e despesas de um dos integrantes da 'tesouraria', que estava sendo investigado - disse o delegado Rui Ferraz, que comandou a operação e teve seu depoimento sigiloso à CPI do Tráfico de Armas obtido por Maria Cristina e pelo advogado Sérgio Wesley da Silva.

A venda do depoimento foi informada pelo funcionário da Câmara federal, Arthur Vinícius Pilastre Silva, que recebeu R$ 200 a título de 'café' pelas cópias e admitiu que, depois, receberia mais dinheiro.

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À CPI do Tráfico de Armas, Maria Cristina disse que recebia R$ 2 mil por mês para defender Marcola. Em depoimento onde começou tentando defender Marcola e terminou chorando, a advogada disse que recebia de uma tia de Marcola, de nome 'Maria Aparecida', que fazia o pagamento diretamente em seu escritório e em dinheiro vivo. Perguntado o nome completo da 'tia', a advogada respondeu:

- Claro que sei o nome completo. Mas não vou revelar, assim como o endereço. Vocês querem que, além de processada, eu seja morta? - disse aos deputados da CPI.

Maria Cristina era advogada de Marcola há mais de cinco anos. Ela é casada com o delegado José Augusto Rachado, ex-delegado do 45º Distrito Policial. Ele havia assumido há cerca de seis meses o cargo de delegado adjunto de cartas precatórias, mas acabou afastado e investigado pela Corregedoria da Polícia paulista. A advogada afirmou que não levava sua 'agenda' para casa e que o marido não tinha conhecimento sobre seus clientes.

- Não é possível que a polícia de São Paulo só soubesse agora que ela é advogada do Marcola e casada com um delegado - disse um deputado.

Nas imagens gravadas no auditório da CPI do Tráfico, segundo os deputados, Maria Cristina aparece sentada ao lado de um policial, inicialmente citado como 'Neto' - identificado pelos deputados como Luiz Jacinto Nepomuceno Neto e que teria ido à Brasília acompanhar o preso Leandro Carvalho, que responde por tráfico de armas e é acusado de entregá-las à facção de Marcola. Maria Cristina afirmou que o policial Neto disse a ela apenas para 'ter cuidado'.

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