A família de um dos dois jovens morto no acidente provocado pelo então deputado Fernando Carli Filho em maio pretende pedir para a Prefeitura de Curitiba a instauração de uma sindicância para apurar possíveis omissões de dados solicitados judicialmente sobre os radares de trânsito da cidade. A URBS diz aguardar o pedido e promete agir com total transparência.
O advogado Elias Mattar Assad, que representa a família de Gilmar Yared, explica que o pedido de sindicância será feito porque a perícia particular feita nos dados repassados pela URBS (informações da Consilux Tecnologia, a terceirizada que opera o sistema desde julho de 1998) apontou falhas nos radares. Segundo Assad, o perito particular contratado pela família, Walter Kauffmann Neto, chegou à conclusão de que os radares não têm capacidade suficiente para registrar altas velocidades. "Queremos entender o que houve. Como o perito pode ter chegado a uma conclusão errada se os dados foram fornecidos pela própria empresa?", questiona o advogado. Kauffmann, de Porto Alegre, deve vir a Curitiba na semana que vem para falar sobre o assunto.
No mês passado a Gazeta do Povo revelou falhas no leitor automático de placas dos radares. O radar mais próximo do acidente não registrou nenhum carro de uma das faixas da rua. Outro, perto do acidente, não pegou nenhuma placa no horário do acidente. Os dados captados pelo sistema são usados por várias instituições oficiais.
Outro lado
O diretor técnico da Consilux, Diego Hoffmann, afirma desejar a instauração da sindicância. "Queremos mais é esclarecer o funcionamento de tudo", disse. Ele destacou que todos os dados captados pelos radares são repassados em tempo real para a URBS. "O perito, que é engenheiro mecânico, chegou a conclusões absurdas", comentou Hoffmann.
A URBS disse não ter sido oficialmente notificada sobre a requisição do advogado, mas destacou que, caso seja instaurada a sindicância, agirá com transparência. A assessoria de imprensa da URBS também disse que entregou todos os documentos solicitados pelo advogado Mattar Assad no dia 2 de julho.
"Faz parte do material entregue uma relação com as velocidades máximas detectadas nos equipamentos e nos períodos constantes do pedido feito pelo advogado", diz uma nota da URBS, que ainda afirma ter detectado velocidades superiores a 180 km/h.
Entenda o caso
O violento acidente aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. O então deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda morreram no local.
O acidente ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 ponto na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso resultou na primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
Depois da colisão, o governo do estado anunciou que passaria a "caçar" os motoristas não devolvessem carteiras de habilitação suspensa 48 horas depois de serem notificados. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que poderia inclusive prender sob flagrante de crime de desacato quem não devolvesse o documento.
As investigações sobre o caso devem se encerrar até o dia 5 de agosto.
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