Renato de Morais, advogado de Humberto José da Rocha Braz, ex-presidente da Brasil Telecom e preso na Operação Satiagraha sob acusação de tentativa de suborno, afirmou que seu cliente foi alvo de uma cilada. O advogado negou que Braz tenha oferecido algum tipo de vantagem ou promessa financeira a qualquer autoridade pública. Segundo Morais, o encontro entre Braz, Hugo Chicaroni e o delegado da Polícia Federal Vitor Hugo Rodrigues Alves não foi para a realização de uma negociação."O pouco que se consegue entender (do áudio da gravação) é que foi uma conversa amena sobre assuntos dos mais variados", disse.
Após interrogatório de Braz na 6ª Vara Criminal da Justiça Federal, nesta quarta-feira (6) na Capital, Morais disse que "houve uma provocação da autoridade policial para que aquele encontro num restaurante (onde houve a suposta tentativa de suborno) se realizasse e a conversa fosse gravada." Na versão do advogado, a tal provocação partiu da autoridade que presidia o inquérito (na ocasião, o delegado Protógenes Queiroz), que colocou um de seus auxiliares para se passar pelo responsável da investigação.
A gravação da conversa, com a suposta tentativa de suborno de US$ 1 milhão de Braz e Hugo Chicaroni ao delegado Vitor Hugo, para que o nome do sócio-fundador do banco Opportunity, Daniel Dantas, e de seus familiares fossem excluídos do inquérito da Operação Satiagraha, serviu de base para a denúncia contra Dantas, Braz e Chicaroni. O advogado de Braz sustentou que "a provocação da autoridade policial é que levou a essa situação" e negou que houvesse a tentativa de suborno.
Morais disse ainda que o contato de Braz com Hugo Chicaroni ocorreu apenas depois que o ex-presidente da Brasil Telecom descobriu que havia sido vítima de uma campana. O advogado disse que a campana teria sido feita por membros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Com medo de que fosse um seqüestro, Braz pediu que seus advogados localizassem alguém que prestasse serviços à Abin e, dessa forma, chegou a Chicaroni Apesar da afirmação, Morais disse que desconhece o tipo de serviço que Chicaroni poderia prestar à Abin: "A única notícia que eu tenho é que Chicaroni prestaria serviços para a Abin formalmente, um serviço terceirizado e lícito."
No interrogatório de hoje (6), Humberto Braz permaneceu em silêncio. O advogado destacou que essa postura se deveu ao fato de o juiz ter indeferido o requerimento de transcrição do áudio da conversa do suposto suborno. A transcrição da conversa é vista pela defesa como "peça fundamental" neste processo, sob a alegação de que o áudio apresentado tem uma qualidade muito ruim. "A qualidade do áudio é péssima, você não consegue identificar os locutores ou os diálogos relatados pela autoridade policial", destacou. Apesar de ter ficado em silêncio, o advogado de Braz disse que ele tem "interesse em falar e contar exatamente o que ocorreu".
Nesta quinta-feira (dia 7), Hugo Chicaroni será interrogado pelo juiz Fausto De Sanctis, titular da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal, às 15 horas. No mesmo horário, está marcado o interrogatório de Daniel Dantas. Chicaroni e Braz são os dois únicos envolvidos na Operação Satiagraha que permanecem presos.
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