Depois de afirmar que a Justiça analisava a concessão da delação premiada para o traficante colombiano Juan Carlos Abadía, o advogado Sérgio Alembert, que representa o criminoso, disse que o benefício não será necessário.
"A delação está descartada porque ele está reconhecendo acusações feitas contra ele", disse o advogado a jornalistas na sexta-feira.
Mais cedo, uma fonte próxima ao caso chegou a informar que o benefício poderia ser concedido nesta sexta.
A Secretaria da 6a Vara Federal Criminal de São Paulo confirmou que foi feita uma solicitação de transferência de Abadía da sede da PF em São Paulo para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande.
O pedido foi feito pelo delegado Fernando Francischini e autorizado pelo juiz Márcio Rached. A concretização da transferência depende apenas de uma confirmação oficial de vaga, que deve ser feita por um juiz da capital sul-matogrossense.
A escolha do presídio foi realizada por critério de segurança, assim como por questão processual, já que o local se encontra dentro da competência do Tribunal Regional Federal da 3a Região, que abrange São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O superintendente regional da PF em São Paulo, Jaber Saadi, disse que Abadía pode ser transferido para um presídio de segurança máxima ainda nesta sexta. Ele, no entanto, disse não saber para qual unidade prisional o criminoso será levado.
A PF quer transferir "o mais brevemente possível" o colombiano para um presídio de segurança máxima por temer uma tentativa de resgate do criminoso. Ele é um dos homens mais procurados pelas autoridades dos Estados Unidos.
O traficante, conhecido como "Chupeta", está sendo ouvido nesta sexta na sede da PF, em São Paulo. Além do advogado Alambert, também acompanha o depoimento a procuradora da República Thamea Valiengo do Ministério Público Federal em São Paulo.
Segundo informações dadas por telefone pelo advogado do traficante, Abadía reconheceu todos os crimes. Alambert disse ainda que sua estratégia é a de garantir a extradição do criminoso para os Estados Unidos.
Novas apreensões
Depois de apreender uma significativa soma em dinheiro na mansão onde Abadía foi preso, os policiais federais apreenderam mais recursos do traficante, desta vez em uma casa de Campinas, pertencente ao pai de uma pessoa que, segundo a polícia, recebia dinheiro do colombiano para guardar seus recursos.
Após a análise de documentos apreendidos na ocasião da prisão de "Chupeta", os policiais encontraram um mapa que os levou a Jaime Verano Garcia, que recebia 7 mil reais mensais de Abadía para guardar 952 mil dólares e 420 mil euros em dinheiro.
A PF encontrou os recursos enterrados na casa do pai de Verano, Eliseu Almeida Machado, para onde ele levou os recursos após saber da prisão de Abadía pela imprensa.
De acordo com Saadi, a polícia investiga se o criminoso mantinha algum tipo de relação com traficantes brasileiros.
Também na sexta-feira, na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, foi apreendido um iate pertencente a um empresário que teria relações com o traficante colombiano.
Abadía, de 44 anos e líder do cartel do Vale do Norte, foi preso na terça-feira em um condomínio de luxo em Aldeia da Serra, em Barueri na Grande São Paulo, durante uma operação contra uma quadrilha internacional de narcotráfico e lavagem de dinheiro.
O colombiano teve decretada na noite de quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva "para fins da extradição formulada pelo governo dos Estados Unidos". A prisão para extradição é o primeiro passo para que o colombiano possa ser extraditado.
Agora, Washington deve pedir a entrega do traficante, segundo um porta-voz do STF. O processo contra Abadía tramita no Distrito Oeste de Nova York.
"Chupeta" também é acusado de ordenar 15 homicídios nos Estados Unidos, inclusive de policiais, e outros 300 na Colômbia.
(Reportagem de Guilherme Vieira, texto de Eduardo Simões)
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