Rogério Tolentino, um dos advogados do empresário Marcos Valério, confirmou, por meio da assessoria de imprensa do sócio da SMP&B Comunicação, no fim da tarde desta segunda-feira, que comprou o apartamento da psicóloga Maria Ângela Zaragoça, ex-mulher do deputado federal José Dirceu, em novembro de 2003, por R$ 115 mil. Ele teria feito a aquisição a pedido do petista Ivan Guimarães, que o teria abordado com a questão: "Você quer ajudar a mulher do ministro José Dirceu? Ela precisa vender com urgência um apartamento". Tolentino reitera que teria comprado o apartamento, portanto, para atender a um pedido de ajuda.
O nome do comprador do imóvel havia sido divulgado horas antes, pela própria Maria Ângela, em nota distribuída à imprensa. No comunicado, ela diz que vendeu o apartamento a Ivan Guimarães, mas que descobriu que o comprador efetivo seria outro apenas no momento de passar a escritura. Maria Ângela foi apresentada então a Rogério Tolentino, a pessoa que realmente ficaria com a propriedade.
No texto, a ex-mulher de Dirceu afirma também que só nesta segunda-feira soube que Tolentino era advogado e sócio de Marcos Valério. Ela conta ainda que acreditava que o empresário era "amigo de amigos e disposto a ser solidário", mas que agora se dava conta que teria sido usada por Valério, "que tinha interesses próprios e provavelmente visava a comprometer o ex-ministro José Dirceu".
Na nota, Maria Ângela informa que foi apresentada a Marcos Valério em setembro de 2003, quando ele estava acompanhado pelo ex-secretário-geral do Partido dos Trabalhadores (PT), Sílvio Pereira. Segundo a psicóloga, o empresário teria se colocado à sua disposição para indicá-la para alguma empresa e teria dito que tinha contatos em bancos, caso ela precisasse de financiamento para a compra do novo apartamento para o qual ela queria se mudar com a filha.
No mês seguinte, segundo consta do comunicado, Maria Ângela foi chamada para uma entrevista de admissão no banco BMG e foi contratada para trabalhar na filial paulistana. De acordo com a ex-mulher de Dirceu, o crescimento de renda a credenciou a pedir créditos imobiliários. Para conseguir se mudar, ela colocou à venda o apartamento em que morava e o carro. A intenção, garante Maria Ângela, era completar o valor do novo imóvel com o financiamento bancário.
De acordo com denúncia publicada nesta segunda pelo jornal "Estado de Minas", a psicóloga teria obtido empréstimo de R$ 200 mil junto ao Banco Rural, graças a um telefonema de Dirceu para Marcos Valério. Em nota divulgada pela manhã, a instituição informou que o valor do financiamento teria sido, na verdade, de R$42 mil, concedidos a título de crédito imobiliário.
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