O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, principal partido de oposição ao governo Dilma Rousseff, acusou a presidente da República de ter mentido no pronunciamento feito nesta quarta-feira (2) após a deflagração do processo de impeachment contra ela. Segundo o tucano, Dilma mentiu ao dizer que não cometeu crimes e que não aceitaria barganhas com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“A presidente começou mal sua defesa porque mentiu. Em primeiro lugar, ao dizer que não aceitaria barganha para trocar os votos no Conselho de Ética da Câmara. Não é verdade. Os seus principais ministros negociaram esses votos durante todos os últimos dias sem que ela se opusesse de forma clara a isso. O que houve foi que o PT, em determinado momento, resolveu não mais pagar o preço de mais um desgaste para ajudar a presidente da República”, afirmou.
INFOGRÁFICO: O passo a passo do impeachment
CRISE POLÍTICA: Acompanhe as últimas notícias sobre o Impeachment da presidente Dilma
Após uma longa negociação de bastidores nesta quarta-feira (2), a bancada do PT na Câmara cedeu à pressão de sua militância e do presidente da legenda, Rui Falcão, e decidiu que irá votar pela continuidade do processo de cassação do presidente da Câmara dos Deputados.
Os votos dos três integrantes do PT no Conselho de Ética (que reúne um colegiado de 21 deputados federais) são considerados cruciais para definir se o processo contra Cunha segue ou será arquivado. Cunha acolheu o pedido de impeachment depois que os petistas definiram que iriam votar contra ele.
- Rejeição, crise moral, tráfico de influência... Os motivos alegados para pedir a saída de Dilma
- ‘Guerra’ por impeachment de Dilma ganha repercussão internacional
- PT deve pedir ao STF afastamento de Cunha por chantagem e abuso no cargo, diz jornal
- Movimentos sociais dizem que irão às ruas para defender Dilma
Entenda melhor o impeachment
- Da Redação
Quem assume em caso de impeachment?
10 questões que você precisa saber sobre o impeachment
Impeachment também vale para governadores
Especial: 20 anos do impeachment de Collor
Entrevista: “Juridicamente. há fundamentos para o impeachment”
Entrevista: “A tese para o impeachment não é juridicamente válida”
Artigo: Crime de responsabilidade do Presidente da República e o processo de impeachment
Aécio disse, ainda, que Dilma mentiu ao dizer que não cometeu crimes. “O TCU [Tribunal de Contas da União] atestou pela unanimidade dos seus membros que foi cometido um crime de irresponsabilidade. Essa é a questão central e é sobre isso que ela deve se defender”, completou.
Barganha
Em discurso após o anúncio da aceitação do pedido de impeachment, Dilma afirmou que “jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas”, em uma clara referência a Cunha.
Também nesta quinta (3), mais cedo, o deputado também acusou Dilma de ter “mentido à nação” ao ter afirmado que jamais aceitaria qualquer barganha contra o funcionamento das instituições democráticas. Para Cunha, isso foi “grave”. Ele afirmou que Dilma reuniu-se nesta quarta com um dos seus principais aliados, o deputado federal André Moura (PSC-SE).
No encontro, segundo ele, a petista ofereceu, em troca da recriação da CPMF, o apoio dos deputados petistas ao arquivamento do processo de cassação do mandato do peemedebista no Conselho de Ética da Câmara. Depois da declaração de Cunha, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, contra-atacou e disse que foi ele próprio quem se encontrou com Moura, e não a presidente.
Cassação
Aécio voltou a negar que deputados do seu partido podem mudar de posição e passar a apoiar o arquivamento do processo a que Cunha responde no Conselho de Ética da Câmara.
“Não houve nem de longe qualquer possibilidade de discussão em relação a essa questão. Os votos do PSDB continuam sendo pela continuidade da investigação e também lá caberá ao presidente da Câmara se defender. A situação de ambos é grave. Não cabe ao PSDB fazer uma disputa entre os dois”, disse.
O PSDB apoiou Cunha até novembro deste ano mas, desembarcou após ter sido cobrado por não se posicionar em relação às acusações de que Cunha teria contas não declaradas na Suíça. O partido não assinou o pedido de cassação do peemedebista protocolado no Conselho de Ética da Câmara pelo Psol e Rede.
O tucano participou na manhã desta quinta-feira (3) da convenção nacional do DEM, realizada em Brasília. Em discurso, Aécio afirmou aos integrantes do partido aliado que espera poder governar em breve o país ao lado dos democratas. Questionado sobre sua intenção, Aécio afirmou que deseja construir um projeto de país diferente do que está posto pelo PT e PMDB.
“O calendário constitucional prevê eleições em 2018. Obviamente isso pode ser de alguma forma antecipada. Seja como for, o que eu quis dizer hoje na convenção do democratas é que temos um projeto comum de país. Estivemos juntos na última eleição e espero que no momento que o calendário constitucional definir quando serão as eleições, dizer que o PSDB quer estar junto com o DEM para construir um projeto novo de país, que não é o projeto do PT e nem do PMDB”, disse.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares