O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), defendeu nesta terça-feira (10) a aproximação de seu partido com o PT, uma vez que os tucanos não avançam nas negociações com a sigla sobre a sucessão do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.
Afif lembra que as conversas com o PT fora da capital paulista "existem desde o tempo do DEM" e, mesmo com a resistência do PT paulistano, essa aproximação tem tudo para "acabar em namoro"."Se você me perguntar em que grau está, eu digo que é um flerte. Ninguém pegou na mão ainda", afirmou Afif à Agência Estado.
Defensor da manutenção da aliança com o PSDB, o vice-governador reclamou da insistência dos tucanos em impor na negociação com o PSD um cabeça de chapa. "Eles querem já partir com um nome na mesa. Esse não é o caminho", criticou. Para Afif, o "caminho" para um acordo com os tucanos seria primeiro discutir a aliança e depois buscar os nomes para a candidatura.
"Dentro desta visão se há tendência de imposição de nomes, o PSD pode buscar alternativas. O PSD não está órfão. Se não tem um caminho, tem outro", frisou. "Eu luto pela manutenção da aliança que elegeu o (José) Serra, que elegeu o Kassab - embora tenha havido rompimento, mas ela foi reatada na eleição do Alckmin. A lógica manda que mantenhamos a aliança. Se não der certo...", insinuou.
Afif contou que, na visita ao "amigo" Luiz Inácio Lula da Silva na última quarta-feira (4) no Hospital Sírio-Libanês, Kassab e o ex-presidente não resistiram ao tema político durante a conversa informal. "A pergunta foi: como é que a gente pode estar juntos?", disse sem revelar de quem teria partido a proposta. "Podemos discutir (uma aliança) para 1º ou para 2º turno", respondeu.
Mesmo com o PT fazendo oposição ferrenha à gestão de Kassab em São Paulo, o vice-governador vê espaço para que possam estar juntos na eleição municipal. "Esse radicalismo está caindo à medida que o processo da democracia avança. Hoje não temos mais um nível de diálogo radical", afirmou. Sobre a possibilidade de o PSD apoiar o ministro da Educação Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo, Afif evitou falar em apoio. "Eu não me meto nisso", respondeu.
Laços de família
A família de Afif tem uma relação próxima com a família de Haddad. "No caso da família do Guilherme Afif Domingos é uma relação na colônia (sírio-libanesa) de décadas, principalmente com o irmão dele, o Jorge", revelou o ministro em entrevista à Agência Estado em dezembro passado.
Jorge Domingos Neto foi criador do Departamento de Esportes para Menores do Clube Sírio, em São Paulo, quando o "menino" Fernando Haddad frequentava as aulas de futebol de salão do clube e era chamado de "Dandão". "O Jorge é uma espécie de tutor dessa meninada. Essa criançada tem adoração por ele", contou Afif. O irmão de Afif foi diretor e vice-presidente esportivo de 1965 a 1986 e hoje é conselheiro vitalício do clube.
Considerando a amizade de longa data, o vice-governador sinalizou que não seria um sacrifício subir no palanque de Haddad. "O aspecto partidário nunca proibiu o nosso relacionamento. Temos um relacionamento pessoal", ressaltou.
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