Aeroporto do PR é opção para concentrar vôos
O aeroporto internacional Afonso Pena pode deixar de ser coadjuvante na crise aérea. Com pista maior que a de Congonhas, em São Paulo, e localização estratégica entre cidades de tráfego aéreo intenso, a unidade paranaense tem condições de ajudar a desafogar os terminais mais congestionados e entrar na divisão de rotas proposta pelo governo federal. O presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens no Paraná (Abav-PR), Antônio Azevedo, acredita que o Afonso Pena pode ser um hub regional (ponto de distribuição de vôos). O aeroporto poderia concentrar as linhas que partem do interior do Paraná, dos estados do Sul e dos países como Argentina, Paraguai, Chile e Uruguai. Esses pontos de integração, argumenta, são necessários porque é inviável manter apenas vôos diretos.
O terminal de passageiros do aeroporto internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, ultrapassou a capacidade máxima. De acordo com informações da Infraero, o local comporta 3,5 milhões de pessoas ao ano e, em 2006, passaram pelo local 32.234 pessoas a mais. O excedente equivale a 180 Airbus A320 lotados. O limite será extrapolado para valer este ano, já que o movimento no aeroporto aumentou acima da média nacional e já é 10% maior que o registrado no primeiro semestre do ano passado. Mais do que problemas com a superlotação atual, a preocupação se volta para a falta de perspectivas. A Infraero pretende reformar o terminal somente depois de ampliar a pista, o que deve levar pelo menos três anos.
Outros oito aeroportos no país também ultrapassaram o limite de passageiros para a infra-estrutura que dispõem. E alguns estão em situação muito mais desconfortável do que o Afonso Pena. É o caso de Congonhas, em São Paulo, que serviu de estação de embarque e desembarque para 19 milhões de pessoas em 2006 e foi projetado para comportar 12 milhões. E também do pequeno terminal de Vitória, no Espírito Santo, que recebeu o triplo da capacidade. A crise área dos últimos dez meses expôs o problema, superlotando as salas de embarque e demonstrando a fragilidade da estrutura.
As informações integram um levantamento feito pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que traça a demanda e a necessidade de investimentos para os próximos anos. Esse estudo aponta que pelo Afonso Pena devem passar em 2010 aproximadamente 4,5 milhões de passageiros por ano 1 milhão a mais do que comporta a estrutura. Com base em critérios técnicos de engenharia aeronáutica, a capacidade de um terminal de passageiros é calculada para garantir conforto e agilidade no serviço. Quantidade suficiente de guichês de check-in, número apropriado de equipamentos de raio X e espaço adequado nas salas de espera são aspectos avaliados.
"Em três situações eu enfrentei filas quase saindo na porta. Fiquei com medo de não conseguir fazer o check-in", conta o administrador de empresas Reinaldo Gomes dos Santos. Para o supervisor de vendas Daniel Sberse, há terminais muito mais complicados que o do Afonso Pena. "Muitas vezes já tive que sentar no chão", afirma, questionando para que servem os R$ 20 de taxa de embarque cobrados nos aeroportos. "Quando os vôos não atrasam, o terminal é suficiente", avalia o taxista Cristian Born, que trabalha no aeroporto há 27 anos e que há muitos observa as filas no check-in. Na ouvidoria do Afonso Pena, as principais reclamações são a falta de ar condicionado quente e as cadeiras desconfortáveis.
A construção do atual terminal de passageiros começou em 1991 e foi concluída em 1996. Desde então, recebeu apenas pequenos reparos. A estrutura só receberá obras depois de concluída a ampliação da pista. Os corredores de embarque e desembarque e as salas de espera serão expandidos.
Mestre em Engenharia de Transportes, o professor Elton Fernandes lembra que a saturação causa desconforto. "Mais pra frente, isso pode vir a prejudicar a própria operação, com lentidão para embarque e desembarque", aponta. Ele integra o Instituto de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e explica que o problema pode não ser sentido hoje, mas que o crescimento do fluxo, a falta de planejamento prévio e a conseqüente realização de obras devem provocar transtornos mais acentuados nos próximos anos.
"O maior problema é o desconforto", avalia o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem no Paraná (Abav-PR), Antônio Azevedo. Os transtornos que já incomodam os passageiros vão da simples falta de cadeiras na sala de embarque à fila de espera para decolagem em alguns horários de pico. "Mesmo sem crise aérea, teria atrasos no início da manhã e no final da tarde", analisa. Alguns rearranjos, como a liberação da sala de embarque internacional para passageiros de vôos nacionais, minimizaram a saturação. "A situação deve chegar ao limite real em dois anos, no máximo", pondera. Já que a obra de ampliação é demorada e exige estudos e planejamento para ser adequada para vários anos, Azevedo acredita que já passou a hora de iniciar a expansão.
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