A indicação de Alexandre de Moraes à vaga deixada por Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal abriu espaço para uma disputa pelo cargo de ministro da Justiça. A principal questão é se Michel Temer (PMDB) buscará um perfil semelhante ao de Moraes – que goza da confiança pessoal do presidente – ou se usará o cargo para aplacar as insatisfações dos peemedebistas em relação ao pouco espaço que têm no governo.
Um nome cotado para o cargo – e que já tinha sido aventado no ano passado, quando Moraes foi indicado ao cargo – é o do ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto. Em janeiro, Ayres Britto e o presidente Temer se reuniram em um encontro que não estava previsto na agenda oficial da presidência.
A reunião levantou rumores sobre uma eventual substituição de Alexandre de Moraes por Ayres Britto. Uma grande qualidade do ex-ministro do STF aos olhos do governo é a proximidade com a atual presidente do Supremo, Cármen Lúcia.
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Leia a matéria completaA ministra tem sido o principal contraponto do Executivo em Brasília. Ela assumiu papel de destaque em temas importantes da política nacional. Desde o fim do ano passado, Carmen Lúcia atuou ativamente na renegociação das dívidas dos estados com a União, na crise carcerária e também no embate institucional entre o Judiciário e o Congresso.
A homologação das delações da Odebrecht com a citação de diversos nomes do primeiro escalão do governo – inclusive o do próprio presidente Temer – é outro fato que fortalece, do ponto de vista do governo, a necessidade de aproximação com a presidente do Supremo.
Insatisfação da base peemedebista
Outro fato que deve interferir na escolha do substituto de Alexandre de Moraes é a insatisfação dos parlamentares peemedebistas, que se queixam de pouco espaço no governo. Com a indicação do tucano Antonio Imbassahy à Secretaria de Governo, que antes era ocupada pelo peemedebista Geddel Vieira Lima e com a eleição do democrata Rodrigo Maia à presidência da Câmara, as reclamações por “falta de espaço” têm se acentuado.
Existe, portanto, a possibilidade de Temer usar o cargo para acalmar os ânimos da base parlamentar.
Há quem diga, entretanto, que essa opção tem poucas chances de agradar à bancada do PMDB. Para um deputado ouvido pela reportagem, é difícil agradar a bancada como um todo porque os parlamentares estão divididos, o que dificulta a gestão política.
Outra análise feita pelo mesmo parlamentar é que o Ministério da Justiça não é necessariamente objeto de cobiça da bancada. “Esse ministério não tem capilaridade, é difícil fazer política”, afirma.
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