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O coordenador nacional do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) e secretário nacional dos movimentos populares da Executiva Nacional do PT, Bruno Maranhão, foi detido por oito seguranças da Câmara dos Deputados por volta das 17h, logo depois de retirar cerca de 400 militantes sem-terra que invadiram e depredaram o Congresso Nacional. Depois de uma tumultuada entrevista, quando apresentou uma pauta de reivindicações, Bruno foi cercado por seguranças e detido.

Maranhão chegou a simular uma crise nervosa, contorcendo-se na calçada que fica a 100 metros do Palácio do Itamaraty, que fica ao lado da Câmara. Minutos depois, um carro da Polícia Militar do Distrito Federal parou no local. Quando estava sendo posto no carro pelos policiais, Bruno ainda tentou resistir À prisão.

- Me pediram para tirar o pessoal da Câmara e agora me pegaram! - reclamou.

Pouco antes de ser detido, Bruno Maranhão chegou a afirmar em entrevista coletiva que num rápido encontro com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, tinha sido informado que todos os militantes seriam presos. Ainda muito tenso, ele falou com repórteres no gramado do Congresso Nacional. Pela versão de Maranhão, o presidente da Câmara estava "muito emocional" e avisou que iria prender todos os invasores e militantes que promoveram o quebra-quebra no Parlamento.

- Aldo estava muito revoltado com a invasão. Ele me disse que ia cumprir a lei e prender todo mundo. Tentei explicar que não sabia a origem do tumulto. A nossa intenção sempre foi a de fazer uma manifestação pacífica. Tanto que saímos do Congresso - argumentou.

Antes de deixar a Câmara, o líder do MLST estava na sala de espera da presidência da Câmara acompanhado de vários deputados, entre eles Ivan Valente (PSOL-SP), Luciana Genro (PSOL-RS), Nelson Pelegrino (PT-BA), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Fernando Gabeira (PV-RJ), Paulo Rubem Santiago (PT-PE), Fernando Ferro (PT-PE) e João Alfredo (PSOL-CE). Quando Aldo Rebelo entrou na sala, reagiu ao ver o líder do MLST:

- Eu te conheço há 30 anos. Mas não aceito esse tipo de atitude. Você está autuado. Não recebo essa pauta de vocês. Não converso com pessoas invadindo o Congresso - disse o presidente da Câmara ao líder do MLST.

Logo depois da rápida conversa entre Maranhão e Aldo, deputados que acompanhavam o líder dos sem-terra o convenceram que a melhor solução seria mesmo a saída imediata dos invasores.

- Estamos tentando evitar o pior: a invasão do Congresso Nacional pela polícia. Já passamos do limite - constatou naquele momento o deputado João Alfredo.

Apesar das evidências identificadas pela polícia, Maranhão tentou negar que a invasão ao Congresso Nacional tenha sido uma ação planejada. Ele relatou que na semana passada pediu ao próprio Aldo Rebelo uma audiência para apresentar uma pauta de reivindicações para acelerar a reforma agrária. O líder do MLST acrescentou que tentou confirmar o encontro com o presidente da Câmara na manhã desta terça, mas que não teve sucesso. Em sua defesa, disse que no momento que os militantes invadiram o Congresso, ele estava no gabinete do deputado Nelson Pelegrino (PT-BA) tirando cópia da pauta de reivindicações.

- Queremos fazer o debate democrático. Não me arrependo de nada que eu fiz, pois não somos vândalos. A prova disso é que no ano passado fizemos uma ocupação pacífica no Ministério da Fazenda - disse Maranhão, numa referência à invasão promovida por 1.200 militantes do MLST do prédio da Fazenda, em abril do ano passado.

Na carta encaminhada ao presidente da Câmara, a coordenação nacional do MLST classifica de "visita surpresa" a invasão do Congresso Nacional. O texto diz ainda que "durante o período de duas horas" o MLST iria "dirigir sua mensagem ao povo brasileiro". Na avaliação da Polícia da Câmara, o texto comprova a premeditação do ato dos manifestantes. Entre as reivindicações do MLST consta a criação de mil empresas comunitárias para substituir latifundios no Brasil, a revogação da lei que proíbe vistorias em terras ocupadas, a votação imediata da PEC do Trabalho Escravo e até mesmo a reestatização da Empresa Vale do Rio Doce.

Em 9 de julho de 2004 e também no dia 17 de novembro de 2005, Bruno Maranhão e outros líderes do MLST chegaram a ser recebidos por Lula em audiência no Palácio do Planalto. Mas nesta terça as principais lideranças do PT reagiram à ação. O líder do partido na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), chegou a afirmar em nota que a bancada do PT "condena com veemência os atos de vandalismo que se verificaram nas dependências da Câmara dos Deputados". O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) pediu que a abertura de um processo de expulsão de Bruno Maranhão na comissão de ética do partido.

- Qualquer integrante do PT que tenha participado dessa agressão ao Congresso Nacional tem que ser julgado pela Comissão de Ética do PT - disse Chinaglia.

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