O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), admitiu nesta quinta-feira a possibilidade de não presidir a sessão de cassação do deputado José Dirceu (PT-SP) se o processo que corre contra ele no Conselho de Ética chegar ao plenário da Casa. Segundo o presidente, o regimento prevê que tanto ele quanto qualquer outro integrante da Mesa Diretora pode presidir as sessões.
- Estou admitindo o que o regimento determina: posso presidir ou não posso presidir qualquer sessão da Câmara. Creio que, como todas as sessões podem ser presididas pelo presidente ou pelos outros membros da Mesa, com essa fórmula, qualquer assunto pode ser resolvido - afirmou, depois de perguntado se não ficaria constrangido de presidir essa provável sessão.
Aldo Rebelo depôs como testemunha de Dirceu no processo contra o petista no Conselho de Ética da Câmara e esse fato foi explorado por seus adversários na eleição para a Câmara. Os adversários afirmavam que Aldo não teria isenção para presidir uma sessão com essa finalidade. Desde que assumiu, ao ser questionado se irá ou não argüir sua suspeição para presidir a sessão, Aldo tem dito que não se pode argüir suspeição de nenhum deputado, de oposição ou governista, sobre qualquer assunto na Casa.
O relator do processo contra Dirceu no Conselho, deputado Júlio Delgado (PPS-MG), deve apresentar seu parecer na penúltima semana de outubro, para que o Conselho tenha tempo de julgá-lo na última semana do mês, antes do feriado de 2 de novembro. O processo iria a plenário, se for o caso, em novembro. Delgado encerrou nesta quinta-feira o prazo de instrução e audiências para ouvir testemunhas. Segundo ele, durante dois meses o Conselho convidou várias testemunhas para depor, mas não obteve resposta, por exemplo, do empresário Marcos Valério Souza e sua mulher, Renilda.
- Tem muita gente convidada, mas ninguém respondeu. A única testemunha de acusação ouvida foi a presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo. Se a defesa julgar que foi prejudicada porque ouvimos primeiro as testemunhas de Dirceu, abri até a próxima terça-feira prazo para que os advogados se manifestem - afirmou Delgado.