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Em depoimento nesta quinta-feira na CPI dos Bingos, Bruno Daniel, irmão do prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002, atacou diretamente o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho. Bruno Daniel disse que Gilberto Carvalho mentiu ao dizer na CPI que não havia revelado um esquema de arrecadação para o PT em Santo André.

- Ele não tem falado a verdade sobre o esquema que ele nos revelou - disse Bruno.

Bruno Daniel confirmou aos senadores da CPI dos Bingos que o dinheiro arrecadado ilegalmente pela prefeitura junto a empresas de ônibus era entregue por Carvalho ao deputado José Dirceu, então presidente do PT, para abastecer o caixa do partido. Uma das entregas teria sido de R$ 1,2 milhão, segundo o irmão de Celso Daniel.

A CPI considerou o depoimento muito esclarecedor, principalmente porque Bruno não poupou nem o irmão Celso Daniel, que segundo ele sabia do esquema e o considerava um mal necessário. Para Bruno Daniel, a motivação do crime pode estar ligada ao suposto esquema de corrupção.

- Quem aceita a tese de crime comum aceita a tese de que não houve tortura, aceita que não houve a troca de roupa de Celso. Aceita a idéia de que não houve participação de Dionísio, um presidiário do presídio de Guarulhos que foi resgatado de helicóptero. Quem aceita a tese de crime comum aceita a tese de falta de documentos, falta de laudos importantes para chegar mais perto da verdade, relativa às mortes de outras seis pessoas assassinadas e que ainda não foram esclarecidas - afirmou Bruno Daniel na CPI.

O irmão de Celso Daniel disse também que houve uma base de operação para que ocorresse o assassinato, inclusive com uso de vários telefones celulares. Houve ainda, segundo ele, contradições nos depoimentos dos presos, o que demonstraria que a história contada por eles teria sido montada. Houve também uma maleta de dólares entregue aos supostos criminosos, segundo contou aos senadores, além de uma remuneração no valor de R$ 1 milhão para quem teria participado do assassinato.

Bruno disse ainda que deve haver várias pessoas implicadas na morte de Celso Daniel, o que tornaria necessário descobrir os motivos do assassinato e das chamadas "queimas de arquivo", referindo-se às mortes das testemunhas que foram assassinadas.

Ele também relatou com detalhes um encontro que teria ocorrido no dia da missa de sétimo dia do prefeito em que Gilberto Carvalho teria dito que ele próprio recebia dinheiro e levava para São Paulo em seu Corsa preto para entregar a Dirceu. Os recursos, segundo contou, eram usados para as campanhas do PT e para "outras finalidades".

Bruno contou que há provas de que empresários da região eram obrigados a repassar os recursos. Ele disse que os empresários eram achacados de forma acintosa e que, inclusive, eram vítimas de ameaças de Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, que acompanhava Celso Daniel no dia de sua morte.

- O Sérgio chegava a colocar a arma na mesa quando conversava com os empresários - contou Bruno Daniel.

O senador José Agripino (RN), líder do PFL, disse que o depoimento foi o melhor já prestado na CPI. Segundo ele, Bruno Daniel falou com segurança e respondeu às perguntas com precisão.

- Este é sem dúvida o melhor depoimento dessa CPI. O senhor Bruno Daniel responde às questões com precisão cirúrgica e com base em evidências - disse o pefelista.

Bruno e seu irmão João Francisco participam de acareação com Gilberto Carvalho no dia 26 de outubro.

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