Aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avaliaram que a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), serviu de recado para o peemedebista a respeito do risco de tentar interferir nas investigações.
Na semana passada, Cunha e deputados próximos a ele manobraram para que a leitura do relatório pelo seguimento do processo contra ele no Conselho de Ética fosse adiada. O parecer foi lido ontem e deve ser votado na próxima terça-feira, 1.º de dezembro.
Como a interferência foi interna, seus aliados entendem que a situação ainda é tranquila, mas acreditam que Cunha deve ter cuidado. Além disso, a prisão desta manhã mostra que possuir um mandato não é condição suficiente para evitar uma prisão.
Até as 15h, Cunha ainda não havia se manifestado. Esteve reunindo desde o final da manhã com líderes de diversos partidos. Quem já passou pelo gabinete da presidência diz que ele aparenta tranquilidade. O peemedebista tem falado o tempo todo, por telefone, com interlocutores no Senado.
Foi informado de que, até o início da tarde, os senadores não haviam recebido a notícia oficial da prisão de Delcídio para que pudessem deliberar sobre sua manutenção. Em outra ligação, soube que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está sendo pressionado por seus pares a só realizar a sessão do Congresso, remarcada para as 15h, depois de abrir sessão do Senado.
Cunha já conversou com Renan, mas soube que Delcídio Amaral era alvo de operação quando recebeu telefonema da Polícia Legislativa, logo cedo, informando que a Polícia Federal queria entrar no Congresso pela Câmara para fazer busca e apreensão no gabinete do senador petista. Ao saber do que se tratava, orientou que os policiais entrassem pelo Senado.
A prisão de Delcídio, líder do governo no Senado, investigado pela Operação Lava Jato, aconteceu na manhã desta quarta-feira, após o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a Polícia Federal a deflagrar a operação. O parlamentar teria sido flagrado na tentativa de prejudicar as investigações contra ele, em uma tentativa de destruir provas contra ele.
Também foram presos o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, e Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio do Amaral, e o advogado Edson Siqueira Ribeiro Filho, que defende o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso na Lava Jato desde o ano passado.
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