Gleisi afirmou que a forma como o impeachment foi votado estava cheia de ilegalidades| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Minutos depois de serem informados sobre a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular a tramitação do impeachment de Dilma Rousseff, aliados da presidente comemoravam a resolução mas ainda tentavam entender quais as consequências para o processo de impedimento da petista.

CARREGANDO :)

Entre deputados e senadores do PT e da base aliada, o entendimento inicial era de que o Senado precisa devolver o processo para a Câmara, onde será retomada a votação que decidirá mais uma vez sobre a abertura ou não do processo contra a presidente.

Está marcada para esta quarta-feira (11) a votação no plenário do Senado para decidir se a Casa dá ou não continuidade ao processo de impeachment, iniciando o julgamento de Dilma. Caso isso ocorra, a presidente seria afastada do cargo por até 180 dias.

Publicidade

Vice-líder do governo na Câmara e um dos principais articuladores da votação contra o impeachment de Dilma na Casa, Silvio Costa (PT DO B-PE) afirmou que “a normalidade legislativa voltou à Câmara” e que “agora o Senado tem que decidir” sobre a votação.

“A AGU (Advocacia-Geral da União) entrou com esse pedido [para anular as sessões do impeachment na Câmara] e Eduardo Cunha [então presidente da Casa] não respondeu. O presidente da Comissão Especial do impeachment no Senado, Raimundo Lira (PMDB-PB), enviou um ofício para Waldir Maranhão perguntando sua posição. Maranhão respondeu e agora o Senado vai decidir”, disse Costa ao final do evento no Palácio do Planalto.

Cunha foi afastado do mandato e, consequentemente, da presidência da Câmara pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada e não havia respondido ao recurso da AGU, que dia 25 de abril pediu anulação das sessões na Câmara e que o processo voltasse para a Câmara para que a votação fosse refeita. O recurso alegava que houve irregularidades na sessão do impeachment na Câmara.

Publicidade

Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) chegaram ao Planalto pouco antes do final do evento que Dilma participava quando recebeu a notícia da decisão de Maranhão.

“É uma vitória muito grande. Estávamos no Senado nos preparando para a votação de quarta quando chegou a notícia de que o Senado já estava se preparando para enviar a votação [de volta] para a Câmara dos Deputados. O processo está interrompido e achamos que se houver uma nova votação na Câmara dos deputados, agora sem Eduardo cunha, o jogo e diferente”, disse Lindbergh.

“Realmente foi constatado que o impeachment não tinha base legal. A forma como foi a votação foi equivocada, cheia de nulidade. Não poderia as lideranças encaminharem [os votos], não podia ter manifestação antes, teve cerceamento da defesa”, disse Gleisi. “Embora não tenha anulado o conteúdo, ele anulou o processo de votação. É muito importante porque é outra situação”, completou a senadora.