Alvaro Dias: senador foi trocado em Brasília, mas é disputado por aqui.| Foto: Valdemir Barreto/ Agência Senado

Conflitos

Senador deixou o partido por apoiar CPI contra FHC

Chamado às pressas para a reunião com o DEM, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem um relacionamento turbulento com o senador Alvaro Dias. Em 2001, o paranaense teve de trocar o PSDB pelo PDT sob ameaça de ser expulso pelos tucanos porque recusou-se a retirar a assinatura do requerimento de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de corrupção na gestão FHC. O mesmo ocorreu com o irmão, Osmar Dias.

Em abril de 2008, Alvaro foi pivô do escândalo de um suposto dossiê com gastos com cartões corporativos feitos por FHC. O senador recebeu, por meio de um fucionário de seu gabinete, a documentação que estava sendo levantada por funcionários da Casa Civil, na época comandada por Dilma Rousseff. Ele teria "vazado" o dossiê à imprensa. O caso ampliou a briga entre oposição e governo em uma CPI criada para investigar gastos com cartões corporativos nas gestões FHC e Lula. (AG)

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Brasília - O senador Alvaro Dias (PSDB) preferiu não comentar a decisão do irmão Osmar Dias (PDT) de concorrer ao governo do Paraná. Às 22h20, ele disse que não havia recebido uma confirmação oficial do pedetista. Sobre a própria situação, negou que poderia abrir mão da vaga para disputar a Vice-Presidência, mesmo com a pressão do DEM.

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"Não é direito de minha parte anunciar que abro mão. A decisão é partidária, o PSDB e o DEM se entenderão." Sobre o pacto familiar de nunca concorrer contra Osmar, declarou antes do anúncio da candidatura do irmão que ambos privilegiariam o "projeto maior".

"Independentemente de qual­­­­quer que seja a decisão nacional, entre nós há um compromisso, que não é de hoje, de que jamais nós nos enfrentaremos. Estaremos sempre juntos, lado a lado. Em relação ao Pa­­raná, ele [Osmar] fará aquilo que achar melhor. Exigir dele que fique contra um projeto paranaense e contra o próprio irmão é exigir demais para o caráter que ele tem."

Em crise

Após cinco dias questionando a indicação de um tucano para a vice, o DEM chega hoje a sua convenção nacional em dúvida. O evento que deveria selar a quarta união formal entre os dois partidos na disputa presidencial tende a ampliar o conflito. Nas palavras do presidente nacional da legenda, Rodrigo Maia, "o casamento está em crise".

Maia participou ontem de uma reunião que durou mais de quatro horas em São Paulo com o ex-presidente Fernando Hen­­rique Cardoso e o presidente na­­cional do PSDB, senador Sérgio Guerra. No encontro, o DEM reiterou que não concorda com a indicação de um vice tucano. As discussões prosseguiram à noite em Brasília, mas não houve qualquer anúncio de acordo até o fechamento desta edição.

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Apesar de confirmar o problema, nenhum dos dirigentes da legenda voltou a criticar a escolha de Alvaro. O líder do partido na Câmara dos Deputados, Paulo Bornhausen, disse que era momento de "serenar os ânimos". "Nessa conversa não pode haver vencidos nem vencedores."

Cardoso foi o único que admitiu uma possível ruptura entre os dois partidos. Durante as discussões, o PSDB não voltou atrás na indicação do paranaense. Já o senador José Agripino Maia (DEM-RN) chegou a sugerir que Alvaro fosse substituído por outro tucano, o ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga.

Tese

A proposta não prosperou por contrariedade dos próprios colegas de partido. Maia insiste na tese de um nome da legenda e que, de preferência, fortaleça Serra em regiões em que ele apareça mal nas pesquisas de intenção de voto. Nessa linha, os mais cotados são o deputado federal baiano José Carlos Aleluia e a ex-vice-governadora do Pará, Va­­léria Pires Franco.

Embora tenha sido criticado por vários dirigentes do DEM (como o deputado federal goiano Ronaldo Caiado), Alvaro garante que não enfrenta problemas pessoais com o partido. "É uma postulação que existia antes da indicação do meu nome. Seria estranho se o DEM não reivindicasse a vaga", afirmou.

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O senador adiantou que só participará da convenção do DEM caso seja anunciado antes um acordo entre as legendas. O evento deveria marcar o primeiro encontro público entre ele e Serra, após a divulgação de que os tucanos haviam escolhido o vice, na última sexta-feira. A reunião também não deve celebrar a candidatura de Serra – não foram encomendadas fotos dele e o número de lugares reservados foi diminuído de última hora.