Ao contrário do que se desenha no Senado, onde o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff é considerado iminente, o deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda manteria alguma chance de escapar da cassação por quebra de decoro parlamentar. A avaliação é feita por opositores ao peemedebista, que conseguiu empurrar o seu caso para deliberação do plenário da Câmara dos Deputados para o dia 12 de setembro, daqui um mês.
A data cai em uma segunda-feira, dia de quórum tradicionalmente baixo na Casa, e também a menos de um mês das eleições de prefeitos, vices e vereadores em todo o país, fato que também contribui para o esvaziamento.
Pedido de antecipação
O líder da Rede na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), disse que vai pedir a antecipação da votação da cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A estratégia da oposição é tentar constranger os parlamentares, ao classificar como aliado do peemedebista quem votar contra o requerimento. Parlamentares do PSol também anunciaram que vão tentar mudar a data, já que uma votação na segunda-feira, 12 de setembro, poderia ser esvaziada.
Para ser cassado, Cunha deve receber o voto de ao menos 257 dos 513 deputados federais. Ou seja, eventuais ausências no plenário contam a favor do peemedebista.
A escolha da data, anunciada na quarta-feira (10) à noite pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), soa incoerente com declarações anteriores do próprio chefe do Legislativo, que sustentava que o pedido de cassação de Cunha deveria ser necessariamente votado em um dia de quórum alto.
Maia justificou que, ao marcar a data com antecedência de quase 30 dias, nenhum parlamentar teria “desculpas” para não estar presente no plenário. Também reforçou que, em função da proximidade das eleições, os políticos se sentirão cobrados a comparecer na sessão.
Apesar disso, aliados de Cunha já trabalhariam no sentido contrário, para esvaziar o plenário.
Nos bastidores, corre que Maia teria cedido não só à pressão de aliados de Cunha, mas também do próprio Palácio do Planalto, que temeria retaliações do peemedebista, caso ele seja cassado. Uma eventual “vingança” poderia respingar na votação do impeachment de Dilma Rousseff, previsto para o final deste mês.
Por que ele [Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados] não explica as reais pressões, às quais ele cedeu? Voltou à etapa do cafuné no Cunha.
Opositores de Michel Temer, presidente da República interino, falam publicamente que o receio do Planalto está na possibilidade de Cunha tentar um acordo de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava Jato, envolvendo seu grupo político no escândalo de corrupção. A tese é rechaçada pelo presidente Temer.
Como um dos principais articuladores do processo de impeachment e adversário declarado da presidente da República afastada, Cunha também obtém uma espécie de “vitória pessoal” contra Dilma Rousseff, ao ter sua data de “julgamento” marcada só para depois da deliberação do Senado sobre o destino da petista.
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