Quando em 2005 o publicitário Duda Mendonça foi à CPI dos Correios dizer que havia recebido milhões de dólares numa conta nas Bahamas, petistas choraram feito crianças no salão verde do Congresso. Era um misto de decepção com o pavor de imaginar que ali chegaria ao fim o sonho do partido de chegar ao poder. Nada, absolutamente nada, poderia ser pior.
Pois passados 10 anos, aquela tarde de agosto tem lugar no fim da fila de escândalos da galeria petista, que tem dirigentes presos, inúmeros outros casos de caixa dois, um governo ainda mais ameaçado e, agora, no seu auge, a Polícia Federal na porta do ex-presidente Lula.
O inacreditável aconteceu e, embora seja cedo para conclusões assertivas, como foi em 2005, é razoável supor que todo esse enredo empurra a presidente Dilma para a beira do precipício e ameaça seriamente o retorno de Lula em 2018, operação que vem sendo arquitetada já sem nenhum segredo.
Aguardemos os detalhes sobre o que pôs a PF à porta de Lula, assim como o conteúdo completo da delação premiada que levou a esse momento, a do senador Delcídio Amaral, líder do governo até outro dia.
Há muitas dúvidas sobre o que está por vir: como reagirá Dilma? E os movimentos sociais? Algumas conclusões já são possíveis: o ambiente político ficará ainda mais envenenado e os protestos do domingo que vem (13 de março), e, consequentemente, o processo de impeachment, ganharão enorme fôlego. E, muito mais do que 2005, o projeto de poder do PT nunca esteve tão perto do fim.
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