Embora a última pesquisa Vox Populi de intenção de votos, divulgada na quinta-feira, sinalize para um possível segundo turno na disputa presidencial, é consenso entre três cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO ONLINE que a situação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda é confortável, mesmo com a queda registrada - dentro da margem de erro. A diferença para o tucano Geraldo Alckmin caiu para 10 pontos percentuais, a menor entre os dois.

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Alckmin, que se manteve estável, comemorou o resultado. Mas explicação para o cenário, segundo alguns analistas, é o chamado "fator Heloísa Helena". A candidata do PSOL avançou na pesquisa, de 5% para 7%, e acabou aumentando as chances de o tucano não ser derrotado no primeiro round.

- A chave é a Heloísa Helena. Não é o Alckmin. Ela que tira o voto do Lula. Se houver segundo turno, ele será provocado por ela. É ela que arrebanha os votos dos petistas descontentes. É um desaguador de votos - avalia a comentarista política Lúcia Hippólito.

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O professor Luis Manoel Fernandes, professor da PUC e da UFRJ, concorda. Ele lembra, no entanto, que se a disputa for para o segundo turno, Lula poderá ser beneficiado pelos votos dos eleitores da candidata do PSOL.

- Alckmin está torcendo pelo crescimento da campanha de Heloísa Helena. Já Lula não está satisfeito. Agora, num segundo turno, seria diferente, pois o eleitor da Heloísa Helena não tende a votar no Alckmin - explica.

Já o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), não acredita que Heloísa Helena seja um fator ameaçador para um possível triunfo de Lula no primeiro turno.

- Acho que Heloísa Helena já tirou os eleitores que poderia tirar do presidente. Acho, inclusive, que ao desenrolar da campanha, ela cai e não sobe. Ela é um grande general com um Exército pequeno. O PSOL não tem palanques eleitorais fortes. Além disso, com a radicalização do seu discurso e a aliança com o PSTU, ela não vai crescer além do nicho da extrema esquerda.

Monteiro é cauteloso e observa que tanto a queda de Lula quanto o crescimento de Heloísa Helena estão dentro da margem de erro.

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- Prefiro falar em estabilidade, do que em movimentos significativos. Uma variação pode dar a falsa impressão de tendência de crescimento ou queda. É preciso analisar duas ou três pesquisas para identificar este movimento.

Os analistas destacam também a importância da pesquisa divulgada, por se tratar da primeira após a largada da campanha.

- O quadro anterior não era efetivamente realista. A campanha não tinha começado e Lula tinha mais visibilidade por ser presidente. Esse agora é o quadro mais preciso. Mostra que a disputa começou - avalia o professor da UFRJ.

Lucia Hipólito, por sua vez, acredita que agora é que a disputa vai começar a esquentar.

- Vamos ter uma eleição mais disputada do que pensávamos em maio. Estava muito monótona, agora ficou mais animada. Mostra que temos candidatos competitivos. O presidente já estava experimentando o terno para posse, agora vai ter que arregaçar as mangas.

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