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Neste processo criminal, o ex-parlamentar é acusado pelo Ministério Público Federal de comprar uma casa em Londrina no ano de 2011 com dinheiro recebido indevidamente. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Neste processo criminal, o ex-parlamentar é acusado pelo Ministério Público Federal de comprar uma casa em Londrina no ano de 2011 com dinheiro recebido indevidamente.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O ex-deputado federal pelo PT do Paraná André Vargas, preso há seis meses em Curitiba, confirmou em depoimento prestado nesta quarta-feira (14) ao juiz federal Sergio Moro que declarou à Receita Federal um valor menor do que a quantia efetivamente paga na compra da sua casa, no bairro Alphaville, em Londrina. Ele negou com veemência, contudo, que tenha feito isso para lavar dinheiro de origem ilícita e acrescentou que o valor foi alterado a pedido do vendedor. “Nos meus 14 anos de vida pública, tive um rendimento de cerca de R$ 3,5 milhões a R$ 4 milhões. Todos os meus bens cabem perfeitamente na minha receita. Não há que se falar em enriquecimento ilícito”, disse ele. A audiência foi marcada dentro de uma das ações penais da Lava Jato em trâmite na 13ª Vara Federal Criminal.

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O ex-petista alega que declarou um valor inferior – R$ 480 mil, ao invés de R$ 980 mil, valor efetivamente pago - a pedido do juiz federal Eduardo Fernando Appio, então proprietário da casa. “Só aceitei a orientação (passada pelo corretor de imóveis). Concordei porque foi iniciativa de um juiz federal. Não teríamos dificuldade nenhuma em declarar 980 mil reais e a gente não estaria passando por isso agora”, disse Vargas. Appio é testemunha arrolada pelo Ministério Público Federal e, em depoimento já prestado a Moro dentro do processo, em agosto, ele reforçou que declarou integralmente o valor recebido pelo imóvel à Receita Federal. “Nós só estamos sentados na tarde de hoje aqui porque eu cumpri como cidadão, honesto que sou, meu dever com a Receita Federal”, falou Appio, na ocasião.

Neste processo criminal, o ex-parlamentar é acusado pelo Ministério Público Federal de comprar uma casa em Londrina no ano de 2011 com dinheiro recebido indevidamente por contratos de publicidade firmados entre a agência de publicidade Borghi Lowe e dois órgãos federais, a Caixa Econômica Federal e Ministério da Saúde. Em outro processo da Lava Jato, referente à suposta vantagem indevida pelos contratos, Vargas já foi condenado em setembro deste ano a 14 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção (ativa e passiva) e lavagem de dinheiro. Ele está recorrendo contra a sentença.

O ex-petista afirma que o dinheiro para a compra da casa é fruto da venda de um sítio e de economias, parte em espécie, guardada no seu escritório, “por opção pessoal”.

Em mais de uma ocasião, Vargas repetiu ainda que é o único responsável por todo o processo de aquisição do imóvel. A mulher do ex-parlamentar, Edilaira Soares, e seu irmão, Leon Vargas, também são réus neste caso. Também convocados por Moro nesta quarta-feira, Leon ficou em silêncio e Edilaira negou ter conhecimento sobre qualquer ilicitude. Ela confirma o desembolso de R$ 980 mil, mas não sabe explicar o motivo da declaração inferior à Receita Federal. “Foi um combinado entre eles”, disse ela, corroborando a tese do marido em relação à origem dos recursos. “Nós tínhamos um sítio, que foi vendido, e o André tinha as economias”.

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