PM diz que soube de desvio por terceiros
Em depoimento dado à Polícia Federal na última quarta-feira, o policial militar João Dias Ferreira, delator do suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte, disse que foi informado por terceiros que metade do dinheiro desviado de convênios com ONGs ligadas ao PCdoB era destinada ao ministro Orlando Silva. "Parte dos valores recebidos pelo ministro era para proveito pessoal e parte era para beneficiar o PCdoB", afirmou. O depoimento durou mais de sete horas.
Procurador quer investigar ministro e governador
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. O chefe do Ministério Público Federal quer investigar as suspeitas de envolvimento dos dois num suposto esquema de corrupção na pasta delatado pelo policial militar João Dias Ferreira.
Secretário da Fifa "demite" ministro por conta própria
Em uma entrevista coletiva transmitida ao vivo para todo o mundo, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, deixou claro ontem que já não identifica no ministro do Esporte, Orlando Silva, o interlocutor para a preparação da Copa do Mundo de 2014.
Depois de quase uma hora e meia de conversa com a presidente Dilma Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva, deixou ontem o Palácio do Planalto ainda no cargo. Em entrevista logo depois do encontro, Silva garantiu que a presidente escutou sua defesa e lhe recomendou serenidade e paciência e reafirmou a confiança em seu trabalho.
Dilma chamou o ministro para uma conversa no final da tarde de ontem. Orlando chegou ao Palácio do Planalto por volta de 19 horas e esperou que a presidente terminasse a agenda oficial do dia um encontro com o empresário Eike Batista e o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que trataram de investimentos em uma fábrica de tablets no Brasil.
"Foi um encontro para que eu esclarecesse todos os fatos, todas as acusações que tenho sofrido nos últimos dias. Dei detalhes, desmascarei todas as mentiras", afirmou Orlando Silva. O ministro repetiu que havia pedido investigações à Polícia Federal e ao Ministério Público e aberto seus sigilos fiscal e bancário e que recebeu o apoio da presidente.
Indagado se continuava então no cargo, garantiu que sua saída nunca havia sido discutida. Afirmou que, depois de dar suas explicações, ainda conversou com Dilma sobre a agenda do ministério para as próximas semanas uma visita do presidente da Federação Internacional de Futebol, Joseph Blatter e um programa para atletas olímpicos e sobre os resultados dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara (México).
Abatido
Orlando Silva passou o dia despachando normalmente no ministério. Evitou conversar com a imprensa durante todo o dia, mas investiu em redigir uma longa nota, publicada no site do ministério, com explicações sobre todas as denúncias que surgiram ao longo desta semana. Chegou ao Planalto no início da noite com o carro oficial, mas evitou a entrada principal e preferiu os fundos.
Visivelmente abatido, o ministro mostrava no rosto os efeitos da semana difícil. Ao final da entrevista concedida no Salão Nobre do Palácio do Planalto, era esperado pelo assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, de quem recebeu um forte abraço e palavras de apoio.
Em nota divulgada após o encontro com o ministro do Esporte, a presidente Dilma Rousseff afirmou "que o governo não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência". Após a reunião, que culminou com a permanência do ministro no cargo, apesar das sucessivas denúncias, Dilma também afirmou que não irá aceitar "que alguém seja condenado sumariamente".
Dinheiro público
Documentos obtidos pela reportagem mostram que Anna Cristina Lemos Petta, mulher de Orlando Silva, recebeu dinheiro da União por meio de uma ONG comandada por filiados ao PCdoB, partido do marido e ministro.
É a própria Anna Petta quem assina o contrato entre a Hermana e a ONG Via BR, que recebeu R$ 278,9 mil em novembro do ano passado. A Hermana é uma empresa de produção cultural criada pela mulher do ministro e sua irmã, Helena. Prestou serviços de assistente de pesquisa para documentário sobre a Comissão da Anistia.
A empresa foi criada menos de 7 meses antes da assinatura do contrato com a entidade. Pelo trabalho, recebeu R$ 43,5 mil.
A ONG Via BR tem em seus quadros Adecir Mendes Fonseca e Delman Barreto da Silva, ambos filiados ao PCdoB. A entidade também foi contratada em maio do ano passado pelo Ministério do Esporte, para promover a participação social na 3.ª Conferência Nacional do Esporte. No negócio, recebeu mais R$ 272 mil.
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