Depois de ter ficado calado em depoimento na CPI da Petrobras, o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula José Dirceu também ficou em silêncio na Polícia Federal em Curitiba nesta segunda-feira (31), por orientação de seu advogado.
Dirceu, que atualmente está preso preventivamente na carceragem da Polícia Federal em Curitiba por conta das investigações da Operação Lava Jato, foi chamado para prestar depoimento na fase final do inquérito contra ele.
Investigados optam pelo silêncio e frustram CPI em Curitiba
O primeiro dia da CPI da Petrobras em Curitiba foi marcado pelo silêncio dos depoentes nessa segunda-feira (31).
Leia a matéria completaHá suspeitas de que o ex-ministro recebia pagamentos de empreiteiras para consultorias que não existiram e que poderiam ser propina, mas a sua defesa sustenta que todos os serviços para os quais ele foi contratado foram prestados.
A reportagem apurou que a Polícia Federal deve indiciar Dirceu nesta terça-feira (1º), encaminhando o relatório ao Ministério Público Federal, a quem cabe formalizar uma eventual denúncia à Justiça.
Seu advogado, Roberto Podval, disse em entrevista coletiva que orientou o cliente a não falar por não ter tido acesso à delação premiada do dono da UTC Ricardo Pessoa. Pessoa afirmou aos investigadores da Lava Jato que os pagamentos feitos à consultoria eram parte da propina cobrada pelo esquema, mas sua delação ainda é sigilosa.
O advogado pediu acesso à delação de Pessoa ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavascki, mas foi negado.
Podval afirmou que Dirceu queria falar, mas que não permitiu por não conhecer todas as acusações. “Eu sou obrigado a manter o Zé, contra a vontade dele mesmo, em silêncio, para poder ter conhecimento pleno da acusação, para depois poder falar. Obviamente que a defesa está prejudicada nesse quesito”, disse o advogado.
Ele também dá como certo o indiciamento de Dirceu pela PF, já que o ex-ministro está preso preventivamente.
Podval pediu à Justiça Federal a transferência do cliente da carceragem da PF para o Complexo Médico Penal, também em Curitiba, por questões de espaço. “O problema é que aqui o lugar é fechado, você não tem espaço físico, você tem um terracinho em que, meia hora por dia, quando muito, tem contato com a luz solar. Isso é insalubre para um homem de 70 anos de idade. Lá pelo menos tem mais espaço”, justificou.
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