Na reta final dos trabalhos do Congresso, o deputado Valtenir Pereira (PROS-MT) liberou nesta quinta-feira (11) seu parecer negando recurso apresentado pelo deputado Luiz Argôlo (SD-BA) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara contra seu pedido de cassação. A perda do mandato foi aprovada pelo Conselho de Ética no fim de outubro. O parlamentar é acusado de receber dinheiro e favores do doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema de corrupção da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

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Pereira foi designado relator no dia 14 de novembro. Segundo parlamentares, depois da cassação de André Vargas (ex-PT-PR), que também era ligado ao doleiro, o relator foi pressionado a entregar seu texto. Na votação desta quarta, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) chegou a reclamar de dois pesos e duas medidas e apontou que o PT era perseguido na Casa.

Na análise na comissão, algum parlamentar pode pedir mais tempo para analisar o texto. As chances de a cassação ser analisada em plenário são mínimas, diante dos prazos regimentais. Se o recurso for negado pela CCJ, o processo teria que ser publicado e teria o prazo de duas sessões para a sessão ser marcada. Os trabalhos na Câmara se encerram na próxima quarta-feira (17).

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Como Argôlo disputou as eleições deste ano e ficou como suplente de deputado, a situação do processo será discutida pelo corpo técnico da Casa. A maioria dos consultores entende que sem ser analisado o processo seria arquivado. Outra linha avalia que, no entanto, a Câmara teria que se manifestar porque a Casa teve sua imagem arranhada e que processos continuam mesmo se o parlamentar chegar a renunciar para escapar da cassação.

Argôlo é acusado de receber dinheiro e favores de Youssef. Segundo a apuração da Polícia Federal, ele trocou 1.411 mensagens por celular com o doleiro em seis meses, entre setembro de 2013 e março deste ano. Ele também foi acusado pela contadora Meire Poza, que trabalhava com o doleiro, de ser sócio informal do doleiro e de ter recebido dele um helicóptero de presente.

No parecer, Pereira argumentou que não vê ilegalidades no processo. "Quanto às alegações de violação aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, bem como à vedação de utilização de provas ilícitas, com as vênias de estilo, entendo que o recurso não merece prosperar", afirma o deputado no texto. "As normas contidas no Código de Ética e Decoro Parlamentar, no Regimento Interno e na Constituição da República foram obedecidas, não restando comprovada, na peça recursal, qualquer violação aos direitos do recorrente", completou.