Sergio Moro voltou a ressaltar a importância do trabalho feito na Operação Lava jato.| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, saiu em defesa dos delatores da Operação Lava Jato no ofício em que defendeu a prisão preventiva do empresário Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht. Moro afirmou que são ofensivos ao Supremo Tribunal Federal, que homologou os acordos, comparações entre “prisão cautelar” e “tortura” ou entre “criminosos colaboradores” e “traidores da pátria”.

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O juiz se manifestou depois que a presidente Dilma Rousseff afirmou que não gosta de delatores e que não gosta deste tipo de prática. Ele não citou a presidente.

A presidente falou sobre os delatores durante viagem aos Estados Unidos, ao comentar o depoimento do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa. Em seu depoimento de delação, o empresário listou como beneficiários de recursos de contratos da Petrobras a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 e a campanha do ex-presidente Lula em 2006. Dilma comparou os delatores a Joaquim Silvério dos Reis: “Tem uma coisa que me acompanhou ao longo da vida. Em Minas, na escola, quando você aprende sobre a Inconfidência Mineira, tem um personagem que a gente não gosta porque as professoras nos ensinam a não gostar dele. Ele se chama Joaquim Silvério dos Reis, o delator. Eu não respeito delator.”

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Joaquim Silvério dos Reis foi responsável por delatar à Coroa portuguesa a Inconfidência Mineira. Ele obteve perdão de suas dívidas e entregou o nome dos inconfidentes, o que levou à morte Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

O juiz considerou inconsistente as críticas sobre suposto número elevado de criminosos colaboradores. “Na Operação Lava Jato, não se tem por objeto um crime único, isolado no tempo e espaço, mas, infelizmente, segundo as provas, em cognição sumária, já colhidas, um esquema criminoso prolongado e persistente, ilustrado por prejuízos já reconhecidos pela Petrobras de mais de seis bilhões de reais. Diante da dimensão dos fatos, o número de criminosos colaboradores é, em realidade, pouco expressivo, sendo provavelmente explicado pela crença equivocada na omertà e na impunidade”, afirmou.

Ao falar sobre o presidente do Grupo Odebrecht, ele afirmou que não tem dúvidas de que “é pessoa conhecida, poderosa e com amigos poderosos” e ressalta que sua prisão cautelar não tem como objetivo “dar um exemplo” e é baseada em fundamentos legais.