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Carta de André Vargas em que comunica a desfiliação do PT | Divulgação
Carta de André Vargas em que comunica a desfiliação do PT| Foto: Divulgação

Crise foi motivada por relação com doleiro

A crise que se instaurou sobre o deputado paranaense André Vargas teve início com a divulgação da relação dele com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal, revelada pela Folha de S. Paulo.

O deputado não é alvo da operação, mas diálogos e mensagens trocadas entre os dois foram encontrados durante as investigações. Entre elas, está a conversa sobre o uso de uma aeronave arranjada pelo doleiro para o deputado voar de Londrina para João Pessoa, na Paraíba, em uma viagem de férias com a família. Outras mensagens mostram que Vargas cobrou de Youssef a falta de pagamentos a "consultores".

Há também acusações de favorecimento do deputado em favor de Youssef numa suposta "parceria" em contratos com o governo federal, em especial com o Ministério da Saúde, segundo informações divulgadas pela revista Veja.

Vargas admite ser amigo de Youssef há 20 anos, mas nega que sua relação com o doleiro envolva qualquer irregularidade.

O deputado federal paranaense André Vargas protocolou nesta sexta-feira (25) seu pedido de desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT). O registro foi realizado no diretório municipal do partido em Londrina, no Norte do estado.

Com a desfiliação, o deputado, que já havia renunciado ao cargo de vice-presidente da Câmara Federal, continua com o seu mandato na casa, mas agora sem partido.

INFOGRÁFICO: Veja as relações políticas de André Vargas

André Vargas sofre processo de investigação da Comissão de Ética da Câmara Federal pelo envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

"Comuniquei oficialmente ao PT nesta manhã o meu desligamento da sigla, após vinte e quatro anos de uma relação que me concedeu oportunidades para servir ao meu estado e ao Brasil. Sem partido, irei dedicar-me agora à minha defesa no Conselho de Ética da Câmara, confiante de que me serão asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa", disse André Vargas em nota oficial divulgada à imprensa. No mesmo documento, o deputado afirma confiar na isenção, imparcialidade e no tratamento isonômico da Câmara em relação ao seu caso, e reafirma sua crença na Democracia e no Estado de Direito.

O presidente do PT no Paraná, deputado estadual Enio Verri, contou que Vargas o comunicou da decisão por telefone. Ele lamentou o conjunto dos fatos e disse que o deputado federal contribuiu muito para a construção do partido no estado. "A desfiliação o deixará mais independente para organizar a sua defesa na Comissão de Ética. Esse deve ser o motivo dele ter pedido o desligamento", afirmou Verri.

O presidente do diretório municipal do PT em Londrina, Gerson da Silva, confirmou que o secretário de organização do diretório recebeu e protocolou o documento de desfiliação de Vargas. Segundo ele, cabe ao deputado, agora, comunicar a desfiliação ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Procurado pela reportagem, o advogado do deputado, Michel Saliba, disse por meio de sua assessoria de imprensa que não irá se pronunciar sobre o caso.

Processo no Conselho de Ética da Câmara

Na última terça-feira (22), o relator do processo contra Vargas no Conselho de Ética da Câmara, Julio Delgado (PSB-MG), apresentou parecer favorável à continuidade do processo. Isso não significa uma condenação, e sim o início das investigações por parte do colegiado. No entendimento de Delgado, há indícios suficientes para que o assunto seja investigado. Entretanto, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) pediu vistas ao processo, o que significa que ele será votado na próxima terça-feira (29).

Paralelamente, o PT pressionava pela renúncia de Vargas. Na quarta-feira (23), o presidente da legenda, Rui Falcão, defendeu publicamente a tese. "A melhor solução para André Vargas é que ele renuncie, mas essa é uma decisão personalíssima. Nenhum partido ou bancada impõe às pessoas a renúncia. Mas é um pedido que temos feito e reiterado a ele, para que reflita e converse", disse.

O deputado chegou a anunciar a renúncia, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, no último dia 14. "Não tem saída, vão continuar me sangrando até quando?", disse, na ocasião. Entretanto, ele voltou atrás e decidiu renunciar apenas ao cargo de vice-presidente da Câmara – que ocupava desde o início do ano passado.

Cadeira na Câmara

A saída de Vargas do PT abriria brecha para um processo de cassação do mandato por infidelidade partidária. Uma situação semelhante ocorreu na Câmara de Curitiba, quando o ex-vereador João Cláudio Derosso (sem partido) deixou o PSDB – a Justiça deu ganho de causa para sua suplente, Maria Goretti (PSDB).

Entretanto, o primeiro na lista da suplência, Marcelo Almeida (PMDB), já adiantou que não pretende entrar com ação para conquistar uma cadeira na Câmara. Ele diz que só pretende assumir caso Vargas renuncie ou seja cassado pela própria Câmara.

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