Polícia da Câmara imobilizou manifestantes com gravata
A polícia da Câmara reagiu com força e detenção à manifestação contra a permanência do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, Pastor Marcos Feliciano (PSC-SP), no corredor de acesso ao gabinete do deputado. Os manifestantes não pararam na barreira formada pelos seguranças próxima ao gabinete e houve tumulto. Os policiais imobilizaram manifestantes passando o braço em torno do pescoço, a chamada "gravata".
Allyson Rodrigues, servidor público, foi detido por policiais da Câmara e presta depoimento neste momento. Vários manifestantes afirmaram que havia um assessor de Feliciano junto com policiais desferindo socos nas pessoas que protestavam contra o deputado.
Manifestante preso diz que foi alvo de discriminação
O antropólogo Marcelo Regis Pereira, 35, afirmou que foi alvo de discriminação porque o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) pediu sua prisão nesta quarta-feira (27) durante manifestação na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Regis disse que o pedido de prisão ocorreu "por ser negro, por ser pobre e por ser gay".
Para defender pastor, PSC questiona Genoino na CCJ
O líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), foi à tribuna da Casa para defender a permanência do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) à frente da Comissão de Direitos Humanos e questionou o PT pelas indicações feitas para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O partido indicou para a comissão mais importante da Casa os deputados José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP), condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão.
"Nós respeitamos as indicações de todos os partidos, mas queremos que nossa posição seja respeitada. Quando ela não é, nos dá o direito de questionar as indicações para a CCJ", afirmou Moura após falar em plenário. "Como o PT indica para a CCJ dois mensaleiros condenados. Esses deputados que protestam contra o Feliciano deveriam exigir do líder do PT que não indicasse os dois para a CCJ", complementou.
O pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) definiu como exemplo de democracia a realização de uma sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal sem a presença de manifestantes. Após pedir a prisão de um dos jovens que protestava por sua saída do cargo e mudar o plenário da comissão, permitindo a entrada apenas de parlamentares, assessores e jornalistas, o pastor acompanhou a reunião que durou cerca de duas horas para um debate sobre a contaminação de pessoas por chumbo na cidade de Santo Amaro da Purificação (BA).
"Me sinto realizado. Democracia é isso. Talvez seja preciso tomar medidas, não austeras, mas necessárias", afirmou o deputado do PSC durante a audiência. Ele se recusou a dar entrevistas após a reunião.
O deputado afirmou que as vítimas de contaminação que estiveram presentes na audiência teriam conseguido condições melhores se tivessem os manifestantes a seu lado. "Se vocês tivessem um grupo por trás gritando, seriam atendidos, se tivessem condições de impedir uma comissão de trabalhar, talvez tivessem sido atendidos", afirmou.
Feliciano presidiu apenas o início da reunião. Ainda com a presença dos manifestantes, o deputado estadual Fernando Capez (PSDB-SP) fez uma exposição sobre a situação dos torcedores corintianos presos na Bolívia. Após trocar de plenário e impedir a entrada de manifestantes, Feliciano passou o comando ao deputado Roberto de Lucena (PV-SP), autor do requerimento para audiência pública. Aproveitou para dizer que essa será sua praxe na comissão e negou que tenha "fugido" da reunião na semana passada, quando ficou em plenário por apenas 8 minutos. Desta vez, sem público, Feliciano acompanhou toda a audiência.
Prisão
Após ser chamado de racista, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), determinou nesta quarta-feira (27) a prisão de um dos manifestantes que protestavam contra sua permanência no cargo. O episódio ocorreu minutos depois de ele abrir os trabalhos da comissão. O rapaz foi retirado do colegiado pela Polícia Legislativa da Câmara.
"Aquele senhor de barba, chama a segurança, me chamou de racista. Racismo é crime. Eu quero que ele saia preso daqui", disse.
Os manifestantes contra Feliciano tentaram impedir a saída do colega e o abraçaram, mas ele foi levado por vários policiais para o departamento de Polícia da Câmara. O rapaz foi identificado como Marcelo Pereira por outros colegas.
Feliciano reiterou que não vai sair do cargo. "Vou pedir para os manifestantes que mantenham a calma. Não vou ceder a pressão. Pode gritar, pode espernear". O deputado ainda decidiu trocar de plenário para impedir a presença de manifestantes.
Imprensa
Reafirmando que não pretende deixar o posto, Feliciano chamou de "estúpida" a pergunta de um jornalista sobre se o momento era adequado para manter a agenda da comissão. "Essa é uma pergunta estúpida. E lá existe tempo para fazer pedido de clemência?", questionou. Ele ficou irritado e acusou a imprensa de "ultrapassar seu limite". "Estou aqui por um assunto sério e vocês estão de brincadeira", completou.
Eleito neste mês para o comando da comissão, ele tem sido criticado por opiniões consideradas homofóbicas e racistas. O deputado nega e diz que defende posições comuns a evangélicos, como ser contra a união homossexual.
Segundo o deputado, a imprensa é quem cria a sensação de crise. "O que está em crise são vocês, falando besteiras e coisas que não existem".
"Não saio"
Um dia depois de ser bancado no cargo por seu partido, ele disse que não vai deixar a comissão nem diante de um apelo dos líderes da Casa. Ontem, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), convocou Feliciano para uma reunião com os demais líderes para encontrar uma solução.
"Não renuncio de jeito nenhum. O que os líderes podem fazer com a minha vida? Eu fui eleito pelo voto popular e pelo voto do colegiado", disse. O discurso foi reforçado pelo líder do PSC, André Moura (SE). "Gostaria que os líderes respeitassem a vontade da minha bancada".
Feliciano, que na tarde de hoje vai presidir pela terceira vez uma reunião da Comissão de Direitos Humanos, disse que está pronto para enfrentar novos protestos. "Estou preparado para tudo. Nasci preparado", disse. O deputado, no entanto, afirmou esperar que "dê tudo certo". Nas duas primeiras vezes, as sessões foram marcadas por bate-bocas e uma delas foi suspensa logo após o início.
Sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara