O advogado José Roberto Batochio, um dos defensores do ex-presidente Lula no processo da Operação Lava Jato, afirmou nesta quarta-feira (23), após mais uma rodada de depoimentos na Justiça Federal, que foi mal interpretado por sua declaração sobre a condição agrícola do Paraná. Segundo ele, não houve intenção de fazer “desfeita em relação à vocação do estado, que é o celeiro do Brasil”. “Quando eu disse que essas ideias autoritárias já morreram em 1945, eu imaginei que os aliados as tivessem sepultado. Mas vejo que elas podem renascer aqui, nesse lugar que é paradigmaticamente a maior, mais produtiva e mais tecnológica fronteira agrícola do Brasil”, esclareceu.
Batochio também arrematou que é produtor agrícola – afirma ter quatro fazendas em estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul - e que se estivesse se referindo a isso de forma pejorativa, estaria ofendendo a ele mesmo. “Ao contrário. O que segurou o PIB do Brasil por muitos anos e garante até hoje é o setor agrícola. Se eu disse que ser agrícola é ruim, eu estaria dizendo eu sou ruim”, defende.
Paulista, Batochio atua como advogado criminalista há 50 anos. Ele chegou a ser presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da seccional São Paulo da entidade. No currículo, leva defesas do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e do ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf. Ele também foi deputado federal pelo PDT e candidato a vice-governador de São Paulo, na chapa de Paulo Skaf (PMDB), em 2014.
Outro defensor de Lula no processo da Lava Jato que também é de São Paulo é o advogado Cristiano Zanin Martins. O escritório Teixeira Martins Advogados, no qual atua, presta, conforme o advogado, serviços ao ex-presidente há cerca de 30 anos. O único paranaense no quadro da defesa é o advogado Juarez Cirino, de Curitiba. Ele também é professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Audiência
Os advogados criticaram mais uma vez as audiências com testemunhas de acusação contra o ex-presidente Lula. Conforme Batochio, não se produziu nada que pudesse demonstrar culpa para o petista. “A audiência de hoje apresentou um resultado incriminatório zero. Nenhuma das três testemunhas envolvidas conseguiu acrescentar um grama de prova ou subsidio incriminatório em relação à denúncia formulada pelo Ministério Público”, definiu.
Martins chegou a citar o ex-deputado Pedro Correa como uma testemunha incompleta, por ser também parte interessada no desfecho da audiência realizada nesta quarta-feira. “O juiz permitiu que ele fosse ouvido como testemunha e que não esclarecesse fatos que a defesa perguntou”, relatou. A situação, para Cirino, mostrou um “estilo autoritário” por parte do juiz Sergio Moro, que chegou a sair da sala por alguns minutos após as intervenções da defesa. “Estamos ali no exercício da ampla defesa, tentando fazer o contraditório e o que não se sente nas audiências é uma atitude do juiz que facilite”, lamentou.
O ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, deve ser ouvido nesta quinta-feira, pela manhã.