Cerca de um mês depois da polêmica envolvendo a suposta tentativa do ex-presidente Lula de adiar o julgamento do mensalão, dois protagonistas do episódio se encontraram, na noite de quarta-feira, na já tradicional festa junina do ex-senador, ex-ministro de Minas e Energia e agora ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge: o ex-ministro Nelson Jobim e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Mas não se falaram ali, publicamente.
Enquanto Jobim permaneceu com a mulher, Adrienne, dentro do salão da igreja onde a festa acontece; Gilmar ficou na parte externa, em uma roda com o ex-senador Heráclito Fortes (DEM-PI). O anfitrião se divertia com a situação: "O Gilmar e o Jobim já estão aí. Agora só falta o Lula", brincava José Jorge.
O ministro do STF afirmou que não foi procurado por Lula depois da crise gerada pela divulgação da conversa entre os dois. Lula teria oferecido proteção a Gilmar na CPI do Cachoeira em troca do adiamento do julgamento do mensalão, que coincidirá com a campanha eleitoral deste ano. O encontro foi no escritório de Jobim.
"Eu não sou mais confiável", disse o ministro do Supremo, sobre Lula.
Para Gilmar, a demora do Supremo em marcar a data do julgamento do mensalão é que deu margem para a abordagem de Lula acontecer. Nessa mesma roda, Gilmar contou alguns episódios presenciados por ele, em encontros informais no Palácio da Alvorada, quando Lula era presidente - mais uma mostra que manteve com o petista uma relação de amizade durante seu governo.
Sobre o amigo Jobim, o ministro o isentou de qualquer responsabilidade no episódio, dizendo que ele apenas fez a ponte para a conversa - o próprio Gilmar já admitiu anteriormente que ele queria se encontrar com Lula por causa do tratamento de saúde por que passava o ex-presidente.
Na conversa informal na festa de José Jorge, o ministro do Supremo deixou evidente que, ao contrário do que aconteceu com Lula, sua relação com Jobim continua inabalável. E sugere, nas entrelinhas, que foi combinada a negativa inicial de Jobim de que o mensalão não teria sido discutido na reunião em seu escritório, no final de abril.
Nessa reunião, Gilmar se sentiu pressionado por Lula, que teria discorrido sobre o suposto controle que teria sobre as investigações da CPI do Cachoeira. O ministro do STF teria reagido, dizendo que não tinha nenhum temor da comissão parlamentar de inquérito. De acordo com Gilmar, ao ouvir isso, o ex-presidente teria perguntado sobre uma viagem que o ministro do Supremo teria feito para Berlim com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Gilmar afirmou que foi para a Alemanha em viagem oficial. No mesmo encontro, Lula teria defendido o adiamento do julgamento do mensalão.
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