Beto Richa voltou a ressaltar que está aberto ao diálogo com os professores mas, por ora, não mexeu na proposta.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O governador Beto Richa (PSDB) disse na manhã desta terça-feira (2) que a proposta do governo para o reajuste do funcionalismo continua a mesma que já foi enviada à Assembleia Legislativa: reposição parcelada da inflação de 2014, de 3,45%, no fim deste ano, e reajuste do índice de 2015, estimado pelo governo em 8,5%, em janeiro do ano que vem.

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Em agenda estratégica, Beto Richa anuncia recursos para municípios

Na tentativa de fazer uma agenda positiva, o governador Beto Richa (PSDB) recebeu na manhã desta terça-feira (2) prefeitos de todas as regiões do estado para anunciar obras nas áreas de saneamento, saúde, desenvolvimento urbano e compra de equipamentos rodoviários. Outros oito municípios assinaram contrato de financiamento com a Fomento Paraná. Conforme a assessoria do governo, as ações envolvem R$ 120 milhões.

Em discursos, os secretários da Saúde, Michele Caputo Neto, de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr., o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB), e o prefeito de Assis Chateaubriand, Marcel Henrique Micheletto (PMDB), que representou os demais prefeitos, ressaltaram a “coragem” do governador em propor ajustes fiscais , sem retirar investimentos de municípios. Eles também fizeram diversas críticas ao governo federal.

Bastante aplaudido pelas autoridades, o próprio governador Beto Richa fez um discurso resumido em críticas ao governo federal, a greve dos professores, e ressaltou diversas vezes os investimentos que estão sendo feitos no estado, “mesmo com a crise”. “O ajuste fiscal é para garantir o mesmo nível de investimentos e recursos para os municípios. O estado não vai ficar paralisado como querem os nossos adversários. Não nos farão cruzar os braços, continuamos trabalhando ”, declarou.

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Com isso, embora tenha dito que o governo continua “aberto ao diálogo”, Richa deu a entender que dificilmente adotará a nova proposta feita pelos deputados estaduais nesta semana para tentar acabar com a greve dos professores. Eles sugeriram que o governo concedesse 3,45% de reajuste em outubro e 4,56% em dezembro. Assim, a inflação de 2014, de 8,17%, seria zerada ainda neste ano.

Richa deu entrevista coletiva no Palácio Iguaçu depois de assinar liberação de recursos para municípios (leia mais ao lado). “O que nós apresentamos já é o resultado de aprimoramento de proposta anteriores”, disse Richa, afirmando que o governo já mudou a proposta “quatro, cinco vezes” para tentar obter consenso.

O governador afirmou ainda que espera a compreensão dos professores sobre “o momento de austeridade e redução de gastos” que vive o Paraná e disse que não pode prejudicar toda a sociedade exagerando na destinação de recursos a um determinado setor. “Tudo tem um limite. O dinheiro vem de um lugar só, não existe no estado uma fábrica de dinheiro, os recursos são resultado do esforço da sociedade em pagar impostos”, declarou.

Greve

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Os professores da rede pública estão em greve há um mês, depois de uma outra paralisação pelo mesmo período em fevereiro. A categoria exige a reposição integral da inflação e não aceitou a proposta de parcelamento feita pelo governo. Richa, que já chegou a afirmar que a proposta do governo é “irrecusável”, disse nesta terça que a proposta “não é ruim, é boa” dadas as circunstâncias econômicas do país.

Depois da entrevista com Richa, o líder do governo na Assembleia Legislativa, Luiz Claudio Romanelli (PMDB) amenizou o discurso do tucano e disse que, apesar de o governador ter reafirmado a proposta já apresentada aos parlamentares, a resolução alternativa, de zerar a inflação neste ano, não está descartada. “Obviamente, a decisão final é dele e deve ser avaliada pela disponibilidade financeira do estado”, disse. Ele ressaltou que o governo não teria orçamento suficiente para poder atender a proposta alternativa em 2015.