O senador paranaense Roberto Requião (PMDB) usou seu tempo de pergunta para a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) para criticar duramente o processo de impeachment, nesta segunda-feira (29).
“É uma ilegalidade absoluta, não há crime algum. Isso aqui é um simulacro de júri, onde interesses fisiológicos vão ser discutidos”, disparou Requião. “Não estamos julgando a presidente Dilma Rousseff, que não cometeu crime algum. Estamos comparando duas propostas de governo”, continuou.
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O senador, que é do mesmo partido do presidente interino Michel Temer, sempre se demonstrou contra o impeachment. Ele, inclusive, criticou as atitudes do PMDB, tanto econômicas como políticas. ”Não se pode mais nascer, não se pode mais estudar, não se pode melhorar ensino, não se pode melhorar saúde”, afirmou.
“Presidente [Dilma], algum senador do meu partido, no exercício do ministério do seu governo, contestou alguma vez a sua política econômica? Fez um reparo nas reuniões ministeriais? Se não, porque reparam agora? Por que cargas d’água estão pedindo o impedimento da presidente para atender as embaixadas dos outros países?”, questionou ao final de sua fala.
Desde o início a favor de Dilma
Embora o senador Roberto Requião (PMDB-PR) tenha feito um discurso ferrenho contra o impeachment na manhã desta segunda-feira , o ex-governador do Paraná não se envolveu diretamente nos embates do plenário do Senado ao longo dos quase nove meses do processo de impedimento.
Mas, conhecido pelos fortes discursos na tribuna, e menos por articulações de bastidores ou embates no plenário, Requião se manteve desde o início contrário ao impeachment, mesmo pertencendo ao PMDB de Temer.
No Paraná, a ala do PMDB capitaneada por Requião sempre foi historicamente ligada ao PT. Neste ano, quando o PMDB nacional aprovou o desembarque da legenda do governo federal petista, o grupo de Requião se posicionou contra.
Hoje, Requião e a senadora Kátia Abreu (TO), ex-ministra de Dilma, são os únicos peemedebistas no Senado abertamente contra o impeachment.
Mas as razões da dupla para defender a petista têm diferenças. Requião sempre foi um crítico da política fiscal da gestão Dilma. Ele entende, contudo, que os planos de Temer para o país seriam “ainda piores”.
“Estamos comparando duas hipóteses. Um deles joga toda a possibilidade do Estado para viabilizar o pagamento da dívida pública. Reverter direitos, das mulheres, dos trabalhadores, congelar despesas da União, não se pode mais nascer, estudar”, discursou Requião nesta.
Já na segunda etapa do processo do impeachment, Requião passou a defender também a ideia de um plebiscito, para que a população fosse consultada sobre a possibilidade de se antecipar as eleições gerais.
Corroborando a tese dos petistas, Requião ainda tem reforçado que Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade e que a eventual ruptura do seu mandato representa um risco à democracia.
Críticas ao discurso de Dilma
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou que a presidente afastada Dilma Rousseff perdeu a última chance de se defender e ainda cometeu um novo crime de responsabilidade, ao dizer que o julgamento de impeachment dela é um golpe. O tucano minimizou o discurso de Dilma, tratando-se de um pronunciamento que “qualquer deputado faria em plenário”.
“Um discurso político, nada de novo. Perde a última chance de se defender. E, uma coisa é um deputado, um senador dizer que é um golpe. Outra coisa é ela, na condição de presidente, dizer que é golpe. Ela fere o artigo 85 da Constituição, inciso 2 e inciso 7, é crime de responsabilidade impedir o funcionamento do Legislativo e ao dizer que é um golpe ela está desclassificando o Legislativo e é crime de responsabilidade não cumprir decisões judiciais. E esse julgamento está ocorrendo em decorrência de uma decisão do Supremo”, disse o tucano.
Ele ainda acrescentou: “Como se não bastasse os crimes já praticados, diante do presidente do STF, em flagrante ela cometeu mais um crime de responsabilidade.”
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