O arquiteto Alexandre Milhomem disse, em depoimento à CPI do Cachoeira, que não sabia que a casa em que fez um projeto de decoração interna pertencia ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Milhomem afirmou que foi contratado por Andressa Mendonça, mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, para fazer inicialmente um projeto de decoração de uma casa para o casal.
Mais tarde, segundo o arquiteto, o casal desistiu de tocar a construção da casa. Ele disse que já tinha até feito projetos arquitetônico e executivo e recebido cinco parcelas de R$ 10 mil pelo serviço. Foi aí que Andressa pediu-lhe para fazer um projeto de decoração provisória de uma outra casa, a de Perillo.
"Nem considero reforma, no termo arquitetonicamente falando, porque eu apenas fiz uma decoração interna", afirmou. Segundo ele, a casa estava vazia, tendo apenas armários planejados. Ele disse ter trabalhado em vários serviços, como pintura externa, modificação de jardim, papel de parede e uma peça de iluminação.
Único dos três depoentes desta terça-feira que resolveu falar, Milhomem disse que é um pai de família. "Sou um sobrevivente do Brasil porque eu vim do Nordeste com 14 anos e sou um trabalhador", afirmou ele, que no início do depoimento declarou que não via motivo da sua participação na CPI.
Dois depoentes ficam calados
Assim como fez Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor especial do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), Écio Antônio Ribeiro também permaneceu em silêncio nesta manhã na CPI do Cachoeira. Ribeiro é um dos sócios da Mestra Administração e Participações e apontado pela Polícia Federal como laranja no registro de venda da casa de Perillo em um cartório em Trindade (GO).
"Eu me reservo no direito constitucional de permanecer em silêncio", afirmou ele, sendo dispensado em menos de um minuto da sala, pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Écio obteve ontem um habeas corpus do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso para ficar calado diante da CPI.
Vital disse que vai votar ainda nesta terça uma mudança no procedimento adotado pela CPI, depois do depoimento do arquiteto Alexandre Milhomen, responsável pela reforma da casa de Perillo. Em vez de dispensar as testemunhas munidas de salvo conduto logo, a comissão pretende questioná-las mesmo que elas permaneçam em silêncio.
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